Para modificar promover o convívio urbano e a segurança viária dos pedestres e ciclistas, que são os atores mais vulneráveis no trânsito, a Prefeitura de Fortaleza desenvolveu o programa Área de Trânsito Calmo. A ideia é criar uma série de mecanismos físicos que possibilitem que aqueles que estão se locomovendo a pé, em regiões específicas da Cidade, tenham seus deslocamentos priorizados, como explicou Luiz Alberto Sabóia, secretário-executivo da Secretaria Conservação e Serviços Públicos (SCSP). “O que nos motivou criar esses espaços foi melhorar a qualidade do espaço viário, trazendo segurança viária ao pedestre, principalmente em áreas onde ele deve ser protagonista, como o entorno de hospitais, trazendo mais segurança”, afirmou.
As Áreas de Trânsito Calmo humanizam os espaços urbanos, focando no protagonismo do pedestre , promovem a urbanidade e uso dos espaços públicos, além da ampliação da percepção de segurança e da convivência cidadã. Fortaleza conta, atualmente, com três Áreas, localizadas no bairros Rodolfo Teófilo (no entorno da Faculdade de Medicina da UFC), Vila União (no entorno do Hospital Albert Sabin) e Benfica (próximo à Residência Univesitária da UFC).
Com um grande fluxo de veículos e pedestres, entre eles o de crianças, o entorno do Hospital Albert Sabin foi uma das regiões contempladas com a ação. “Trabalho há mais de 15 anos aqui. Não havia sinalização alguma, o espaço para estacionamento era muito bagunçado. Acabava que os carros que chegavam trancavam os outros, ficava muito engarrafado. Inclusive, vi algumas batidas de carros e, como aqui tem muita criança pelo hospital, me preocupava”, contou Mardônio Queiroz, ambulante que trabalha em frente ao Hospital.
Com uma área de 174.000m², o equipamento na Vila União contempla as vias envolvidas com dispositivos específicos, como travessias elevadas para pedestres, prolongamentos de calçadas e sinalização especial indicando limite de velocidade, além de lombadas físicas, aumento de pontos com faixas de pedestres e rampas de acessibilidade universal.
Raimundo Oliveira, pai de menina de um ano que foi atendida no Hospital, falou que a área só trouxe benefícios. “A gente se sente mais seguro. Os carros param e tem mais locais para a gente se locomover. Como tem muita criança, é importante que tenha mais calçada e seja tranquilo. Acho que a Prefeitura deve levar para outros cantos da Cidade”, disse.
Já Marina Paraguassu, estagiária de psicologia que atua no equipamento de saúde, acredita que a ação traz melhoras inclusive para o atendimento. “É nítido, quando se chega ao Hospital, que o trânsito é diferente do restante da Cidade. As pessoas conseguem ter um acesso mais rápido, o que tranquiliza e ajuda no atendimento adequado. É importante que seja ampliado para outros lugares”, afirmou.
De acordo com Luiz Alberto Sabóia, os benefícios de espaços como esse podem ser sentidos nos índices de acidentes. “Conseguimos reduzir em 40%, nos últimos quatro anos, as mortes no trânsito e parte vem também da Área de Trânsito Calmo. Além desses resultados concretos em si, essa ação é simbólica para o que pode vir a ser a nossa Cidade no futuro, com mais calçadas, travessias de pedestre no nível elevado, mais semáforos para pedestres e velocidade reduzida nessas áreas”, completou.
Dante Rosado, coordenador da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global em Fortaleza, lembrou que os resultados alcançados e sentidos são muito positivos. “Geralmente, a gente observa mais pedestres andando na rua, maior respeito a faixa de pedestre pelos condutores. A população avalia de forma que a segurança no trânsito melhora”, declarou. Segundo estudo da WRI Brasil, para cada metro de prolongamento de calçada construído nas travessias, existe uma redução de 6% na probabilidade de ocorrência de acidentes de trânsito fatais com pedestres.
A iniciativa, coordenada pela Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), por meio do Plano de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito de Fortaleza (PAITT), também faz parte do pacote de atividades do Programa de Apoio aos Pedestres, desenvolvido em parceria com a Iniciativa Bloomberg Philanthropies em Fortaleza, com o apoio do WRI Brasil e da Global Designing Cities Initiative (NACTO-GDCI).