A vida de Louis Braille, pioneiro na criação do sistema de escrita para pessoas com deficiências visuais e cegas, virou tema de uma peça teatral apresentada na terça-feira (19/09), na Escola Municipal Manoelito Guimarães Domingues (bairro Ancuri). A atividade faz parte do cronograma da Semana da Educação Inclusiva da Rede Municipal de Ensino, que segue até sexta-feira (22/09).

A professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), Lívia Soares, organizou o roteiro de atividades da unidade escolar. Ela conta que, este ano, buscou trabalhar iniciativas que dialoguem sobre deficiências visuais. “Estou há seis anos na escola e já trabalhamos temas como Língua Brasileira de Sinais (Libras), espectro autista e deficiência intelectual. Além da peça, vamos desenvolver atividades práticas em sala sobre o sistema Braille, em que alunos do 2º ao 5º ano vão aprender o alfabeto”, detalha.

Outra atividade que ocorreu foi a leitura do poema “Todos pela Inclusão”, escrito pelo professor da unidade Antonio Severino Ferreira, que tem deficiência física. O estudante Harthur Kaleb da Silva Tavares, do 5º ano, foi um dos alunos que leram o texto para o público. “Achei muito legal participar, porque estavam todos prestando atenção às pessoas com deficiências. Gosto da minha escola e a programação está sendo legal”, observa Harthur, que convive com o diagnóstico de autismo.

As ações da Semana da Educação Inclusiva buscam colocar os alunos como protagonistas dos debates sobre o tema. Ao longo dos dias, cada unidade escolar programa e realiza as atividades, que ocorrem em alusão ao Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado nesta quinta-feira (21/09). Com a temática “Diálogos para uma educação com equidade”, a agenda inclui diversos momentos formativos com palestras, oficinas, vivências e sensibilização de profissionais, estudantes e familiares.

A temática da educação inclusiva está presente nas escolas não somente nesta semana, mas permeia diferentes ações pedagógicas ao longo do ano letivo, conforme explica Mônica Costa, coordenadora de Diversidade e Inclusão da Rede Municipal. “Essas atividades promovem reflexão acerca da necessidade do reconhecimento, valorização e respeito às diferenças. O que contribui para a quebra de paradigmas, posturas e pensamentos preconceituosos. Acreditamos que, com iniciativas como essa, desenvolvemos a compreensão de que todos temos papel na luta por uma sociedade mais inclusiva”.

“Direito de todos, dever de cada um”
Na Escola Municipal Maria Alice, no bairro Papicu, a Semana da Educação Inclusiva trouxe para reflexão da comunidade escolar que a inclusão é “direito de todos, dever de cada um”. Nesta perspectiva, as atividades incluem exposição fotográfica em parceria com a Associação Fortaleza Azul e Museu da Fotografia, visitas de todos os alunos à Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) - onde ocorre o atendimento especializado de alunos com deficiências - e palestra para pais e educadores sobre “A construção do diálogo e da autonomia no desenvolvimento infantil”.

A aluna Isabele Monteiro, do 5º ano, foi uma das estudantes que conheceu a sala onde os alunos com deficiência aprendem ainda mais no contraturno escolar. Ela visitou o espaço e explorou os materiais utilizados durante o atendimento dos colegas. “Aprendi que devemos respeitar nossos colegas e entender as diferenças”, compartilha.

A professora do AEE, Ivanise Dias, acompanhou a visita dos alunos à Sala de Recursos Multifuncionais e explicou que as crianças puderam observar a existência das mais diversas formas de aprendizagem,que vão além da sala de aula. “Durante a visita, os alunos perceberam que os colegas que têm deficiências aprendem também com jogos, atividades de memórias e outras ações. Buscamos fazer essa conscientização na escola para os alunos pensarem um pouco sobre nossas diferenças e como a sociedade é plural”, justifica.

Educação para todos
Atualmente, 13.160 estudantes com deficiências estão matriculados nas unidades escolares da Rede Municipal. Esses alunos contam com Atendimento Educacional Especializado (AEE), no contraturno, seja nas 306 Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), em instituições conveniadas à Prefeitura ou por meio de práticas pedagógicas inclusivas em sala de aula comum.

Na Rede Municipal, estudantes com deficiências, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e com altas habilidades ou superdotação têm acesso à educação no âmbito da escola comum. Com o intuito de garantir o direito inalienável à educação para todos, a Prefeitura organiza diferentes ações que englobam a implementação e a oferta de serviços para a Educação Inclusiva.

O Município vem ampliando o número de Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), atualmente a Rede conta com 306 SRM, que são Polos de Atendimento Educacional Especializado (AEE) para os estudantes da Educação Inclusiva da própria escola e das adjacências. Além disso, dispõe ainda de 644 profissionais de apoio escolar e 766 assistentes de inclusão escolar que realizam acompanhamento dos estudantes.

Reflexo do trabalho realizado ao longo dos últimos anos, Fortaleza se destaca no cenário da educação nacional. De acordo com o Censo 2022, organizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em números absolutos, a capital cearense tem o maior número de matrículas na Educação inclusiva do Norte e Nordeste e o terceiro maior do Brasil.