A Prefeitura e a Universidade de Fortaleza (Unifor) promoveram, na tarde desta quinta-feira (20/09), o IV Fórum do Observatório de Segurança Viária da Capital. O evento, realizado no Teatro Celina Queiroz, foi palco de discussões voltadas aos impactos de acidentes no trânsito para a saúde pública. A iniciativa compõe a programação da Semana de Mobilidade de Fortaleza e visa ao estímulo de práticas conscientes a partir da troca de experiências internacionalmente reconhecidas.
Na ocasião, o diretor da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health (EUA), PhD Abdulgafoor M. Bachani, ministrou a palestra “Acidentes de trânsito: uma epidemia de saúde pública global”. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem no trânsito em todo o mundo e até 50 milhões sobrevivem com ferimentos e sequelas, desencadeando custos pessoais, sociais e econômicos incalculáveis. O pesquisador defende a melhoria dos sistemas de saúde com ênfase na mais eficaz mensuração de desfechos não fatais, considerando os impactos socioeconômicos sobre os indivíduos e suas famílias, trabalhando a vigilância, intervenções voltadas à prevenção e ao controle de lesões.
Presente no evento, o secretário-executivo da Conservação e Serviços Públicos, Luiz Alberto Saboia, destacou as iniciativas que vêm sendo desenvolvidas em Fortaleza e a redução de 34% no número de acidentes fatais segundo o mais recente Relatório Anual de Segurança Viária da Capital. “A palestra do dr. Abdulgafoor foi brilhante e reforça que a problemática é global, mas que já há bastantes evidências sobre o que se pode ser feito para prevenir mortes e lesões no trânsito. Aqui em Fortaleza, temos, dentre diversas outras iniciativas, as ciclofaixas, as faixas exclusivas de ônibus, as melhorias no transporte público, as travessias elevadas, o redesenho urbano e a fiscalização. Cabe à gente dar continuidade a essas ações por meio de políticas públicas orientadas a partir do conhecimento que vem sendo gerado com a participação de pesquisadores e da academia em geral”, acrescentou.
Na oportunidade, o coordenador do Observatório de Segurança Viária de Fortaleza, professor Ezequiel Dantas, apresentou resultados preliminares que apontam o perfil das vítimas de acidentes de trânsito ocorridos na região urbana de Fortaleza, atendidas pelo Instituto Doutor José Frota. A pesquisa, realizada no último quadrimestre de 2017, reuniu esforços da AMC, da SCSP, do IJF e da Unifor/Vital Strategies.
Para a finalidade, 1.255 entrevistas foram conduzidas. Dentre as vítimas feridas, internadas na Instituição, 71% são homens e 78% têm idade entre 18 e 59 anos. Além disso, 62% dos entrevistados são motociclistas e 44% concluíram até o Ensino Fundamental.
A taxa de reincidência, também de acordo com o levantamento, gira em torno de 28%. Dentre as vítimas feridas e internadas, viu-se, ainda, que o uso de capacete é menos frequente entre os condutores não-habilitados e que 43% dos pacientes admitidos residem em apenas 20 dos 120 bairros de Fortaleza.
Luiz Alberto Saboia acrescentou que os indicadores auxiliam o direcionamento de políticas públicas eficientes. “Este é um tema absolutamente multisetorial. Por muito tempo, foi tratado apenas como questão de engenharia, que tem um papel belíssimo, mas que, sozinha, não vai resolver. Por isso, o Observatório pretende continuar sendo um centro de disseminação de conhecimento, de engajamento, de formulação, de fomento à pesquisa e de parcerias internacionais. Com isso, caracterizamos e acertamos o alvo nas políticas de combate às mortes no trânsito”, disse.
O evento contou, ainda, com a participação de Andrés Vecino, pesquisador da John Hopkins International Injury Research Unit, que vem desenvolvendo, junto à Universidade Federal do Ceará (UFC), análises voltadas aos fatores de risco para acidentes de trânsito locais.