O crescente interesse pelo tema que relaciona aspectos da saúde humana, animal e ambiental reforça o trabalho realizado rotineiramente em Fortaleza de prevenção e controle a diversos agravos e o avanço de doenças junto à população. Pensando nisso, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), reúne nesta quinta-feira (10/08), a partir das 8h, gestores, professores, pesquisadores, médicos veterinários e profissionais relacionados às áreas, no IX Seminário de Atualização em Leishmaniose Visceral de Fortaleza. O evento ocorre no Auditório do Hospital da Mulher.
Durante o evento, serão realizadas palestras sobre: leishmaniose visceral: das enfermidades negligenciadas às emergências - perspectivas e reflexões sobre o controle da doença; leishmaniose felina e os desafios para medicina veterinária; monitoramento do encoleiramento canino em Fortaleza e novas atualizações sobre leishmaniose e a doença autoimune, bem como novidades no tratamento.
“Estamos na nona edição desse encontro que tem como finalidade debater e orientar sobre a Leishmaniose Visceral (LV), trazendo atualizações e abordando desde o seu vetor, ciclo reprodutivo, formas de contágio, até a prevenção ao homem e ao animal, além de discutir sobre os avanços e desafios da doença no âmbito municipal”, relata o gerente da Célula de Vigilância Ambiental e de Riscos Biológicos, Atualpa Soares.
Na ocasião, acontecerá também o lançamento do Boletim Epizootiológico da Leishmaniose Visceral 2022 da SMS, que tem como finalidade fortalecer a área de conhecimento e publicações de dados relativos à população animal, bem como os fatores condicionantes e determinantes em relação ao meio ambiente, as mudanças dos processos produtivos, a ocorrência e distribuição das doenças zoonóticas incidentes e prevalentes nos animais, entre outros pontos relevantes.
Sobre Leishmaniose
A Leishmaniose Visceral (LV), também conhecida como calazar, é uma zoonose crônica e sistêmica causada por protozoários do gênero Leishmania. A doença afeta mamíferos, especialmente humanos e cães.
O agente causador da doença no país é Leishmania infantum, transmitida pela picada de flebotomíneos infectados, conhecido popularmente como “mosquito-palha”, “tatuquira”, “cangalhinha” e “birigui”. Na zona urbana, os vetores têm predileção alimentar pelo sangue canino. Além disso, a presença de condições ambientais favoráveis à manutenção do vetor infectado, como temperatura, umidade e presença de matéria orgânica, favorece o aumento da presença ambiental do parasita, facilitando sua disseminação para outros animais, e, consequentemente, para o homem.
Alguns sintomas que podem levar o proprietário a desconfiar que o animal está doente são: descamação seca da pele, pelos quebradiços, nódulos na pele, úlceras, febre, atrofia muscular, fraqueza, anorexia, falta de apetite, emagrecimento excessivo, vômito, diarreia, lesões oculares e sangramentos. Nas formas mais graves, a Leishmaniose pode acarretar anemia e outras doenças imunes.
Nos humanos, a transmissão também ocorre pela picada do flebotomíneo infectado. Os sintomas são caracterizados por febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações. Ao apresentar alguns desses sintomas, deve procurar os postos de saúde o quanto antes, pois o diagnóstico e o tratamento precoce evitam o agravamento da doença, que pode ser fatal se não for tratada.
Controle da doença
Uma das frentes de atuação está o trabalho realizado por meio da Vigilância em Saúde, que identifica focos da doença, realiza inquéritos caninos e controle químico, assim como ações educativas, visando o controle epidemiológico. Nos últimos dez anos, foi registrada uma contínua diminuição no número de casos humanos, associada à redução da soroprevalência canina e das áreas de transmissão intensa.
Em 2022, foram realizados 44.138 testes rápidos de leishmaniose em cães na Capital, dos quais 32.468 (73%) foram por meio de inquérito sorológico e 11.670 (26,2%) por demanda da população. Do total de testes válidos, 4.451 foram reagentes e 2.030 amostras apresentaram resultado positivo no teste ELISA. Em humanos, Fortaleza vem reduzindo a média de casos novos confirmados, tendo no ano passado, registrado apenas 54 pessoas infectadas.
Outra importante ação para redução de casos é o encoleiramento de cães realizado em bairros com os mais altos índices de transmissão da doença. O encoleiramento ocorre por meio de visita domiciliar pelos Agentes de Combate às Endemias (ACE), que realizam o cadastro da residência, dos tutores e dos animais.
“A visita é importante para mantermos o controle da doença no Município. Dessa forma, evitaremos que a doença chegue ao homem. Paralelamente ao trabalho de verificação, cabe ainda à equipe instruir a comunidade e levar orientações para a prevenção, pois a doença existe e precisa ser combatida”, explica a médica veterinária Klessiany Soares.
Para continuar mantendo o controle da transmissão da LV em Fortaleza, a ajuda da população é fundamental. “A prevenção e o controle da doença podem ser ainda amplificados se a comunidade colaborar com as ações das Unidades de Vigilância em Zoonoses (UVZ), não só recebendo os agentes de endemias e autorizando a realização dos exames em seus animais, mas também acatando as orientações referentes ao manejo ambiental necessário para manter estes insetos longe de seus quintais”, reforça a médica veterinária.
Serviço
IX Seminário de Atualização em Leishmaniose Visceral de Fortaleza
Data: 10/08 (quinta-feira)
Horário: 8h às 17h
Local: Auditório do Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns - Hospital da Mulher de Fortaleza (Rua George Rocha, 50 - Demócrito Rocha)