Uma criança com base sólida em leitura e escrita tem potencial para ser um bom aluno. É por compreender isso que as professoras alfabetizadoras da Rede Municipal Viviane Eloia Bandeira Grande, Sabrina Flávia Costa Oliveira e Janaína Marques Andrade atuam com tanto empenho e parceria entre elas para que cada aluno se alfabetize na idade certa. Para além do futuro escolar dos estudantes, sabe-se que a alfabetização é pilar fundamental para o desenvolvimento humano. Neste Dia Mundial da Alfabetização, celebrado hoje (08/09), as educadoras compartilham didáticas para alcançar este objetivo.
Uma das estratégias adotadas em todas as unidades escolares são as Avaliações Diagnósticas de Rede (ADR), por meio das quais é possível, no caso das turmas dos anos iniciais, avaliar as dificuldades no processo de alfabetização dos alunos. “A partir disso, a gente sabe o nível de leitura e escrita de cada aluno e conseguimos estabelecer um trabalho individualizado, com base na necessidade dele”, explica Viviane, professora do 1º ano. Todas as educadoras são da Escola Municipal Colônia Z-8, no Mucuripe (Distrito 2).
É com este olhar para cada aluno, que a Rede Municipal acompanha a aprendizagem dos estudantes. É um trabalho feito em conjunto com o time de educadores e assistentes do programa Alfa 1, 2, 3 - projeto com foco na alfabetização lançado em maio deste ano, que tem o propósito de fortalecer as ações pedagógicas e recompor a aprendizagem dos alunos das turmas de 1º, 2º e 3º ano.
Na Escola Municipal Colônia Z-8, o trabalho do trio de professoras ganhou reforço com a chegada da assistente do programa Alfa 1, 2, 3, Ana Mercia Ferreira Gomes, que iniciou o trabalho este ano na escola. Ela é uma dos mais de 400 profissionais novos incorporados às unidades escolares. “A parceria com os professores é fundamental. Cada criança tem seu tempo de aprendizado e meu papel é auxiliá-los de perto. Sinto-me realizada ao ver cada criança evoluindo na leitura e escrita”, declara Mercia.
Com mais de 35 anos de sala de aula, a professora Janaína Marques Andrade, do 3º ano, observa uma mudança positiva nas políticas públicas voltadas à alfabetização: “Os professores têm mais suporte hoje, comparando com anos atrás. Temos mais ações com foco na aprendizagem dos alunos”. Janaína lembra de um caso que ilustra um pouco o significado que os professores têm na vida de um aluno. “Ouvi uma mãe dizer, no início de um ano letivo, que o filho não ia aprender a ler. No fim do ano, ela se emocionou e chorou ao ver o filho lendo. É gratificante isso, acompanhar o avanço deles”, recorda.
A professora Sabrina Flávia considera as formações que os educadores participam importantes na atualização do time. Na capacitação, os professores da mesma série de outras unidades escolares se encontram para aprender juntos e trocar figurinhas. “É fundamental que nossa aprendizagem seja contínua. As formações que participamos ampliam nossa perspectiva. Para o futuro, espero que tenhamos mais políticas voltadas às séries iniciais. A base da educação é a alfabetização. Precisamos valorizar isso”.
Pandemia e educação
Com quase um ano após a retomada das aulas presenciais na Rede Municipal, pelo menos metade do déficit da aprendizagem na fase de ler e escrever já foi recuperado, segundo a secretária da Educação, Dalila Saldanha. Entre as ações para o retorno das atividades nas escolas, foi organizada uma estrutura tanto em relação ao currículo, como também em relação ao programa de atendimento da rede em termos de material didático, formação de professores e estratégias diferenciadas, como a Avaliação Diagnóstica de Rede (ADR).
“Até 2019, Fortaleza já estava com mais de 94% das crianças alfabetizadas na idade certa. Havíamos evoluído, em seis anos, de forma extraordinária, visto que até 2012 a Capital tinha pouco mais de 50% das crianças alfabetizadas na idade certa. ”, explica a secretária.
Alfabetização na Rede Municipal
Conforme dados do último Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (Spaece), realizado em 2019, 94,4% dos alunos da Rede Municipal de ensino são alfabetizados na idade certa. Em 2009, esse percentual era de apenas 39,9%.
Em relação ao número de escolas no padrão desejável, quando levamos em consideração os alunos do 2° ano, o estudo aponta que 100% das unidades (211) já atingiram este nível. A meta da Secretaria Municipal da Educação (SME) é alfabetizar 100% dos estudantes do 2º ano até o fim do semestre deste ano.