Uma equipe de estudantes descobre que o uso de agrotóxicos pode levar à contaminação da água e dos alimentos. O que faz? Pesquisa sobre alternativas e cria modelos de biorrepelentes. Foi assim para Andérson Monteiro e Igor Matheus, representantes da Escola de Tempo Integral (ETI) Maria do Socorro Alves Carneiro. O projeto dos alunos participa, nesta terça-feira (13/09), da etapa municipal da XI Feira de Ciências e Cultura de Fortaleza, na Seara da Ciência da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Preocupados com os danos causados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, os estudantes do 6º ano utilizaram a oportunidade como plataforma para disseminar as ideias da agroecologia. “A nossa feira de ciências trata sobre sustentabilidade, um debate muito sério que está acontecendo no mundo. Pensamos nas pessoas que pegam alimentos contaminados e podem ter sérias doenças, como o câncer no estômago”, explica Andérson.
A alternativa sustentável encontrada pelos alunos baseou-se em duas plantas medicinais já conhecidas: “Utilizamos o alho e o coentro”, revela Igor Matheus. “Foi muito legal utilizar o laboratório da nossa ETI. Estamos confiantes em ganhar a premiação e já temos planos para o futuro: os biorrepelentes sólidos, que serviriam para gavetas e armários, afastando outras pragas”, complementa.
Segundo a orientadora Nara Gadelha, que também acompanhou os discentes durante a exposição da pesquisa, “a ETI trabalha a parte de metodologia científica desde o 6º ano e esta base teórica contribuiu para eles desenvolverem o projeto”. Para ela, o evento cumpre com a função de estimular o letramento, além de despertar a desenvoltura dos estudantes.
“Conseguimos perceber o interesse e a empolgação deles. O Andérson, por exemplo, era bem tímido. Desde o início da feira, temos observado que ele tem uma aptidão para apresentar. Os dois foram se interessando, cada vez, mais pela ideia da sustentabilidade e hoje estão aqui super seguros. Este evento explora e incentiva este protagonismo”, acredita a professora da Rede Municipal.
A educadora Mônica Siqueira, da Escola Municipal João Saraiva Leão, concorda que a iniciativa “é uma forma de reconhecer os alunos, que são as grandes estrelas e tomam a frente da pesquisa”. Responsável pela orientação do trabalho “Literatura de cordel: uma prosa com os tipos textuais”, a professora ressalta que a ideia inicial “partiu de uma dificuldade de leitura apresentada pelos estudantes em sala de aula”.
“Ao identificar os alunos com estas dificuldades, decidimos trabalhá-las com competições entre as turmas. Entendemos que se estudássemos os tipos textuais e os gêneros poderíamos alavancar a capacidade de leitura”, pontua a professora, acrescentando: “escolhemos a literatura de cordel para incentivá-los, porque este é um gênero nosso e achamos fundamental valorizar a nossa cultura”.
À frente deste “espetáculo de valorização”, as estudantes Ester Rodrigues e Mayana Nogueira contam que livros, revistas, jornais e cordéis foram os principais aliados durante o estudo. Para Ester, “é muito emocionante representar todo o 5º ano que participou da etapa escolar na Saraiva Leão”. Entre os 440 trabalhos oriundos da fase citada pela colega, Mayana, por sua vez, comemora o momento e empolga-se com a possibilidade de “voltar aqui na sexta-feira (16/09)”, quando ocorre a cerimônia de encerramento com os projetos classificados.
Premiação
Nesta última fase, 15 trabalhos serão finalistas e receberão medalhas. Todas as pesquisas finalistas das categorias saturno (5º, 6º e 7º anos) e júpiter (8º e 9º anos e modalidade de Educação de Jovens e Adultos) vão receber bolsas de monitoria do programa Bolsa Nota Dez. As equipes vencedoras do 6º ao 9º ano garantirão vagas na etapa regional do Ceará Científico 2022, projeto da Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc), que faz parte da política de popularização das ciências, cultura e tecnologia do Governo do Ceará.
Incentivo à pesquisa estudantil
A Feira Municipal de Ciências e Cultura de Fortaleza busca incentivar o desenvolvimento de trabalhos científicos no âmbito das escolas públicas da Rede Municipal, bem como o fortalecimento do letramento científico e o protagonismo estudantil. Esta ação pedagógica permite, ainda, divulgar e socializar os resultados obtidos destas pesquisas entre os estudantes e os professores das escolas públicas municipais e para o público em geral.
Na edição deste ano, os projetos da Feira de Ciências foram distribuídos em três categorias, de acordo com a série/ano dos estudantes participantes: mercúrio (3º e 4º anos), saturno (5º, 6º e 7º anos) e júpiter (8º e 9º anos e modalidade de Educação de Jovens e Adultos). Os trabalhos são de cinco áreas do conhecimento: ciências da natureza, humanas e ambientais e matemática e linguagens.