16 de May de 2015 em Segurança Cidadã

Praça da Gentilândia celebra a diversidade sexual na Sexta de Todas as Cores

Edição deste mês fez parte dos eventos do Dia Mundial de Combate à Homofobia, que ocorre no dia 17 de maio


A parte cultural na Sexta de Todas as Cores representou diversas manifestações artísticas (Foto: Nely Rosa)

A noite foi de celebração na Sexta de Todas as Cores na Praça da Gentilândia (Benfica). Centenas de pessoas se juntaram para pedir o fim do preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e aplaudir os artistas no evento realizado pela Prefeitura de Fortaleza, por meio da Coordenadoria de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos (SCDH), em parceria com a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para LGBT do Governo do Estado.

Promovida mensalmente, a Sexta de Todas as Cores do dia 15 de maio teve um gosto especial porque integrou a programação da Semana Janaína Dutra, que combate a LGBTfobia no ambiente escolar e também remeteu ao 17 de maio, Dia Mundial de Combate à Homofobia. Essa edição ainda contou com o lançamento da campanha “Ceará de cidadania contra a homofobia” organizada pela coordenadoria do Estado.

Segundo Jorge Pinheiro, coordenador da Diversidade Sexual da SCDH, “por meio deste evento cultural buscamos sensibilizar as pessoas e pedir o respeito que a população LGBT merece, além de gerar oportunidade de reconhecimento aos artistas LGBTs, que trazem seu trabalho para a praça”.

O ator Denis Lacerda, intérprete da personagem Deydianne Piaf, que foi a mestra de cerimônias do evento, considera um marco no movimento LGBT local a união da Prefeitura de Fortaleza com o Governo do Estado. “Quando a Prefeitura e o Governo se unem para pensar políticas públicas há um fortalecimento das lutas contra a homofobia e beneficia toda a sociedade”, afirmou o artista. O coordenador estadual Narciso Júnior reconheceu a importância do momento atual para combater o preconceito. “Estamos construindo uma nova história e temos um novo desafio. Com a campanha “Ceará de cidadania contra a homofobia”, o Governo do Estado assume o compromisso de firmar com todas as secretarias políticas transversais que garantam a cidadania plena aos cidadãos e cidadãs LGBTs”, comentou.

A breve fala de Tina Rodrigues, presidenta da Associação de Travestis do Ceará (Atrac), lançou um questionamento pertinente para a sociedade: “Vocês estão adaptados ao novo milênio, às tecnologias, mas ainda não entenderam a necessidade do respeito às travestis e ao público LGBT em geral?”.

Cultura

A parte cultural na Sexta de Todas as Cores representou diversas manifestações artísticas. Abrindo a noite, o Kebra Mola animou o público e foi chamando os passantes para a Praça da Gentilândia ao som de axé fazendo uma grande celebração aos 30 anos do ritmo. O grupo, conduzido pelo mestre Júnior Brasil e formado por jovens da comunidade de Santa Terezinha, foi seguido pelas performances de transformismo de Rayanna Rayovack e Adma Shiva, que homenagearam grandes nomes da música brasileira, como Elza Soares, Clara Nunes e Maria Bethânia. Jovens e adultos ainda prestigiaram o obrigatório bate-cabelo da artista Pérola Negra.

Além da alegria no palco, o público pôde conferir os produtos expostos na Feira Empreendedora LGBT, como rendas, pinturas, livros, camisas, pulseiras e colares. Uma das artesãs que apresentou seu trabalho foi Vera Lúcia, integrante do Grupo de Mulheres de Itapipoca. Era a primeira vez da artista na Sexta de Todas as Cores e já estava aprovando o que via. Para ela, “é preciso acontecer vários eventos assim para que a população seja informada dos seus direitos. E é bom que saia do Centro da cidade e cheguem aos bairros de periferia para informar também à população de baixa renda”.

A banda The Dillas foi responsável por encerrar a Sexta de Todas as Cores transformando a Praça da Gentilândia em um grande espaço de festa com seu repertório de músicas pops.

Semana Janaína Dutra
Instituída no município de Fortaleza pela Lei 9.548/2009, a Semana Janaína Dutra discute a LGBTfobia no âmbito escolar preparando professores e alunos das escolas municipais e das universidades para tratar de questões LGBT.

As atividades seguem até o dia 29 de maio. Confira a programação completa.

Segundo a pesquisa Juventudes e Sexualidade (2004), publicada pela Unesco, Fortaleza é a segunda capital mais homofóbica do país dentre 13 capitais pesquisadas. Para tentar erradicar o problema, atividades como palestras e seminários são realizadas durante todo o mês de maio. As informações divulgadas durante as atividades devem ajudar gestores e professores a conhecer as políticas públicas de Direitos Humanos da população LGBT, legislações para LGBTs e incentivar, acima de tudo, o respeito às diferenças. O acesso à informação e à educação contribuem para diminuir os índices de evasão escolar, outro problema alimentado pelo preconceito.

Fátima Borges, funcionária da Célula de Educação Básica de Jovens e Adultos e Diversidade da Secretaria Municipal da Educação (SME), acompanha as palestras promovidas pela SCDH nas escolas durante a Semana Janaína Dutra. “Esperava que por levar um tema considerado polêmico para o ambiente escolar nós fôssemos notar uma resistência de professores e alunos, mas o que temos observado é o respeito de todos. Os jovens e os mestres participam e tiram dúvidas e a direção das escolas tem elogiado os trabalhos”, pontua.

Participação
Entre todas as ações programadas para este mês, dois eventos merecem destaque. Na quarta-feira (20), às 15h, a Câmara Municipal de Fortaleza realiza audiência pública em alusão ao 17 de maio (Dia Mundial de Combate à Homofobia) e à Semana Janaína Dutra, onde os parlamentares e a sociedade civil vão discutir formas de lutar contra o preconceito aos LGBTs e garantir o reconhecimento da plena cidadania.

Já na sexta-feira (22), será a vez do seminário “Perspectivas da Educação no combate à evasão escolar por pessoas LGBTs” no anfiteatro Professor Willis Santiago Guerra (Faculdade de Direito – UFC) a partir das 13h. Na ocasião, serão proferidas as palestras “Os documentos de gestão escolar na promoção da evasão involuntária da população LGBT”, com a professora doutora Luma Andrade, e “Heteronormatividade e LGBTfobia na educação escolar: um mapeamento a partir de uma escola psicológica”, com a professora mestranda Marília Barreira.

Saiba quem foi Janaína Dutra

Janaína Dutra (Canindé, 1961 – Fortaleza, 8 de fevereiro de 2004) foi uma ativista e reconhecida líder travesti do Movimento Homossexual Brasileiro.

Formada em Direito no Estado do Ceará, foi a primeira travesti a retirar a carteira profissional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) onde constava seu nome social Janaína Dutra. Foi pioneira, junto ao Ministério da Saúde, na elaboração da primeira campanha de prevenção da Aids destinada especificamente às travestis. Ela também cumpriu cargo de liderança como membro da presidência da Associação das Travestis do Ceará (Atrac) e da Articulação Nacional das Travestis (Antra). Além disso, foi co-fundadora (1999), assessora jurídica e vice-presidente do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab).

Janaína Dutra faleceu aos 43 anos vítima de câncer pulmonar, mas seu legado ficou pela militância à causa LGBT. A Prefeitura de Fortaleza reconhece sua importância e a homenageia dando seu nome ao Centro de Referência LGBT.

Praça da Gentilândia celebra a diversidade sexual na Sexta de Todas as Cores

Edição deste mês fez parte dos eventos do Dia Mundial de Combate à Homofobia, que ocorre no dia 17 de maio

A parte cultural na Sexta de Todas as Cores representou diversas manifestações artísticas (Foto: Nely Rosa)

A noite foi de celebração na Sexta de Todas as Cores na Praça da Gentilândia (Benfica). Centenas de pessoas se juntaram para pedir o fim do preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e aplaudir os artistas no evento realizado pela Prefeitura de Fortaleza, por meio da Coordenadoria de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos (SCDH), em parceria com a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para LGBT do Governo do Estado.

Promovida mensalmente, a Sexta de Todas as Cores do dia 15 de maio teve um gosto especial porque integrou a programação da Semana Janaína Dutra, que combate a LGBTfobia no ambiente escolar e também remeteu ao 17 de maio, Dia Mundial de Combate à Homofobia. Essa edição ainda contou com o lançamento da campanha “Ceará de cidadania contra a homofobia” organizada pela coordenadoria do Estado.

Segundo Jorge Pinheiro, coordenador da Diversidade Sexual da SCDH, “por meio deste evento cultural buscamos sensibilizar as pessoas e pedir o respeito que a população LGBT merece, além de gerar oportunidade de reconhecimento aos artistas LGBTs, que trazem seu trabalho para a praça”.

O ator Denis Lacerda, intérprete da personagem Deydianne Piaf, que foi a mestra de cerimônias do evento, considera um marco no movimento LGBT local a união da Prefeitura de Fortaleza com o Governo do Estado. “Quando a Prefeitura e o Governo se unem para pensar políticas públicas há um fortalecimento das lutas contra a homofobia e beneficia toda a sociedade”, afirmou o artista. O coordenador estadual Narciso Júnior reconheceu a importância do momento atual para combater o preconceito. “Estamos construindo uma nova história e temos um novo desafio. Com a campanha “Ceará de cidadania contra a homofobia”, o Governo do Estado assume o compromisso de firmar com todas as secretarias políticas transversais que garantam a cidadania plena aos cidadãos e cidadãs LGBTs”, comentou.

A breve fala de Tina Rodrigues, presidenta da Associação de Travestis do Ceará (Atrac), lançou um questionamento pertinente para a sociedade: “Vocês estão adaptados ao novo milênio, às tecnologias, mas ainda não entenderam a necessidade do respeito às travestis e ao público LGBT em geral?”.

Cultura

A parte cultural na Sexta de Todas as Cores representou diversas manifestações artísticas. Abrindo a noite, o Kebra Mola animou o público e foi chamando os passantes para a Praça da Gentilândia ao som de axé fazendo uma grande celebração aos 30 anos do ritmo. O grupo, conduzido pelo mestre Júnior Brasil e formado por jovens da comunidade de Santa Terezinha, foi seguido pelas performances de transformismo de Rayanna Rayovack e Adma Shiva, que homenagearam grandes nomes da música brasileira, como Elza Soares, Clara Nunes e Maria Bethânia. Jovens e adultos ainda prestigiaram o obrigatório bate-cabelo da artista Pérola Negra.

Além da alegria no palco, o público pôde conferir os produtos expostos na Feira Empreendedora LGBT, como rendas, pinturas, livros, camisas, pulseiras e colares. Uma das artesãs que apresentou seu trabalho foi Vera Lúcia, integrante do Grupo de Mulheres de Itapipoca. Era a primeira vez da artista na Sexta de Todas as Cores e já estava aprovando o que via. Para ela, “é preciso acontecer vários eventos assim para que a população seja informada dos seus direitos. E é bom que saia do Centro da cidade e cheguem aos bairros de periferia para informar também à população de baixa renda”.

A banda The Dillas foi responsável por encerrar a Sexta de Todas as Cores transformando a Praça da Gentilândia em um grande espaço de festa com seu repertório de músicas pops.

Semana Janaína Dutra
Instituída no município de Fortaleza pela Lei 9.548/2009, a Semana Janaína Dutra discute a LGBTfobia no âmbito escolar preparando professores e alunos das escolas municipais e das universidades para tratar de questões LGBT.

As atividades seguem até o dia 29 de maio. Confira a programação completa.

Segundo a pesquisa Juventudes e Sexualidade (2004), publicada pela Unesco, Fortaleza é a segunda capital mais homofóbica do país dentre 13 capitais pesquisadas. Para tentar erradicar o problema, atividades como palestras e seminários são realizadas durante todo o mês de maio. As informações divulgadas durante as atividades devem ajudar gestores e professores a conhecer as políticas públicas de Direitos Humanos da população LGBT, legislações para LGBTs e incentivar, acima de tudo, o respeito às diferenças. O acesso à informação e à educação contribuem para diminuir os índices de evasão escolar, outro problema alimentado pelo preconceito.

Fátima Borges, funcionária da Célula de Educação Básica de Jovens e Adultos e Diversidade da Secretaria Municipal da Educação (SME), acompanha as palestras promovidas pela SCDH nas escolas durante a Semana Janaína Dutra. “Esperava que por levar um tema considerado polêmico para o ambiente escolar nós fôssemos notar uma resistência de professores e alunos, mas o que temos observado é o respeito de todos. Os jovens e os mestres participam e tiram dúvidas e a direção das escolas tem elogiado os trabalhos”, pontua.

Participação
Entre todas as ações programadas para este mês, dois eventos merecem destaque. Na quarta-feira (20), às 15h, a Câmara Municipal de Fortaleza realiza audiência pública em alusão ao 17 de maio (Dia Mundial de Combate à Homofobia) e à Semana Janaína Dutra, onde os parlamentares e a sociedade civil vão discutir formas de lutar contra o preconceito aos LGBTs e garantir o reconhecimento da plena cidadania.

Já na sexta-feira (22), será a vez do seminário “Perspectivas da Educação no combate à evasão escolar por pessoas LGBTs” no anfiteatro Professor Willis Santiago Guerra (Faculdade de Direito – UFC) a partir das 13h. Na ocasião, serão proferidas as palestras “Os documentos de gestão escolar na promoção da evasão involuntária da população LGBT”, com a professora doutora Luma Andrade, e “Heteronormatividade e LGBTfobia na educação escolar: um mapeamento a partir de uma escola psicológica”, com a professora mestranda Marília Barreira.

Saiba quem foi Janaína Dutra

Janaína Dutra (Canindé, 1961 – Fortaleza, 8 de fevereiro de 2004) foi uma ativista e reconhecida líder travesti do Movimento Homossexual Brasileiro.

Formada em Direito no Estado do Ceará, foi a primeira travesti a retirar a carteira profissional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) onde constava seu nome social Janaína Dutra. Foi pioneira, junto ao Ministério da Saúde, na elaboração da primeira campanha de prevenção da Aids destinada especificamente às travestis. Ela também cumpriu cargo de liderança como membro da presidência da Associação das Travestis do Ceará (Atrac) e da Articulação Nacional das Travestis (Antra). Além disso, foi co-fundadora (1999), assessora jurídica e vice-presidente do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab).

Janaína Dutra faleceu aos 43 anos vítima de câncer pulmonar, mas seu legado ficou pela militância à causa LGBT. A Prefeitura de Fortaleza reconhece sua importância e a homenageia dando seu nome ao Centro de Referência LGBT.