O prefeito Roberto Cláudio concedeu entrevista para a rádio Tribuna Band News FM, na manhã desta quarta-feira (29/04), na qual falou sobre o avanço da pandemia nas áreas mais vulneráveis da Capital. Durante a conversa, ele destacou os principais desafios para frear a disseminação e as medidas que continuam sendo tomadas na área da saúde, para aumentar a capacidade assistencial. Dentre elas, está a criação de novos leitos.

“Nós conseguimos nos antecipar bem na questão dos leitos. Só pra ter uma ideia, nós tínhamos 90 leitos de observação nas UPAs do município. Abrimos 140 novos. Estamos abrindo mais 30 até sexta-feira, nas UPAs do Bom Jardim, Vila Velha e Dendê. No IJF2, já temos 50 leitos e o Hospital do PV conta com 160 leitos”, informou Roberto Cláudio.

O Prefeito alertou para um ponto que é considerado crítico. “Nosso esforço é correr contra o tempo para aumentar nossa capacidade assistencial para internação de pacientes leves e moderados. O problema é com leitos de alta complexidade e UTIs porque eles demandam um equipamento que está em falta no Brasil e no mundo, que são os respiradores. Nós entramos nesta disputa global. A Prefeitura negocia e tenta buscar na China, na Europa, nos Estados Unidos, porque os respiradores são essenciais para pacientes que agravam e precisam de ventilação mecânica”, explicou.

Isolamento social

Na entrevista, ele alertou para o número de casos que vem aumentando diariamente em Fortaleza, onde já são mais de 5.400. Segundo o Prefeito, ainda vivemos uma crescente de números de casos e óbitos, assim como crescem também as denúncias de pessoas que estariam desrespeitando o isolamento.

“Há uma preocupação muito grande com pessoas que não estão trabalhando, mas ainda estão nas ruas, em bares, calçadas, se reunindo e fazendo festas. Temos denúncias e apuramos e fiscalizamos na medida do possível. Temos comprovação de países que fizeram a flexibilização e passaram por um novo pico. Sobre o decreto de isolamento, nós resolvemos ouvir a comunidade científica e especialistas no assunto. Se houver a necessidade, haverá, sim, a postergação do prazo”, afirmou.

Mapeamento

Para melhorar o acolhimento à população mais vulnerável, a Prefeitura realizou um mapeamento nos bairros para detectar grupos de risco específicos. A partir daí, nasceu a ideia de que as unidades de saúde pudessem seguir o exemplo das UPAs, segundo o gestor. “Colocamos os agentes de endemias nas comunidades, porque eles conhecem os moradores. Nossa orientação é que pessoas do grupo de risco procurem as unidades de saúde logo que sentirem os primeiros sintomas. Há um conjunto de esforços como aumento de informações, orientações e conscientização a essas pessoas", assegurou.

Além disso, a partir de quinta-feira (30/04), seis postos de saúde, um em cada Regional, terão condições de fazer diagnósticos, de leves a moderados, e já encaminhar o paciente para os hospitais.

Distribuição de máscaras

A distribuição de máscaras também é uma ação que vem ganhando força. “Em algum momento, haverá a obrigatoriedade do uso. Mas, antes, precisamos garantir que todos estejam com a máscara na mão. Estamos entregando um kit de máscara dentro das cestas que estamos distribuindo. A partir de sexta-feira (1º/5), vamos ter uma base para entrega em cada terminal de ônibus, além da ajuda da iniciativa privada para que cheguem a pontos como farmácias e supermercados", garantiu.

Segundo o Prefeito, três milhões de máscaras serão distribuídas, inclusive para moradores de rua. "Devo lembrar também que 150 vagas foram abertas em abrigos, aumentamos a alimentação para estas pessoas e já começaram abordagens de saúde para elas”, ressaltou

Perguntas dos ouvintes

Roberto Cláudio também respondeu às perguntas dos ouvintes. Sobre a reabertura da economia, disse que é uma medida que precisa ser tomada com muita segurança. “A gente precisa discutir esta questão importante e fundamental para a economia do Estado. Mas fazer isso agora, sem a gente dominar o ponto máximo da curva, não acho razoável. Claro que estamos discutindo a gradual retomada. Mas isso só será feito com segurança e há uma série de variáveis que vão determinar como se fazer. É uma determinação que vai partir da saúde e de autoridades sanitárias. Existe, sim, pressão do setor econômico, mas temos que fazer o razoável. E, na minha opinião, o razoável é prezar pela vida das pessoas", declarou.

Roberto Cáudio esclareceu ainda sobre os auxílios emergenciais. “Temos um pacote de ações que vem para diminuir o impacto no lado social. Distribuímos os kits de alimentação escolar e hoje começamos a distribuição das cestas básicas para mais de 110 mil famílias. As cestas vão beneficiar também motoristas de aplicativos, taxistas, mototaxistas e motoristas de transporte escolar. Vamos começar a pagar o auxílio de R$ 100,00 para autônomos, feirantes, artesãos e artistas populares. A gente estima que mais de 20 mil famílias serão beneficiadas”, disse.

Com relação à reabertura das escolas, ponderou que a situação ainda é indefinida. “Muito possivelmente, pelo padrão de ocorrência da Covid-19 aqui, não haverá nenhuma mudança no cronograma do recesso escolar até o fim de maio, pelo menos".

O Prefeito encerrou a entrevista conscientizando a população de que o isolamento social ainda é a medida mais importante a ser tomada. “É bom que a gente reconheça que, numa cidade com 2 milhões e 650 mil pessoas, a capacidade de fiscalizar é limitada. A melhor lei é a consciência, a informação. Claro que a gente vai, sim, onde há denúncias, autuando quando há a necessidade. Mas isso é pequeno à frente da gente ter que mudar o hábito, a responsabilidade. Eu aposto mais nisso como o melhor caminho para mudar essa realidade”, avaliou.