Fortaleza iniciou, nesta terça-feira (27/02), a Operação Fronteira, em parceria com o município de Maracanaú. A estratégia visa combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, intensificando as ações de controle e incentivando a população a adotar medidas que evitem a proliferação nas fronteiras.
“Essa fronteira do município sempre foi uma área muito sensível. Então a parceria vem sanar essa dificuldade que se tinha há alguns anos de atribuir de quem era a responsabilidade. A responsabilidade é de todos e estamos aqui juntando esforços para que esse combate seja cada vez mais intenso e efetivo”, enfatizou Galeno Taumaturgo, secretário da Saúde de Fortaleza.
A operação será realizada até sexta-feira (01/03) em seis bairros de Fortaleza, nas áreas limítrofes com Maracanaú: Siqueira, Canindezinho, Parque Presidente Vargas, Aracapé, Planalto Ayrton Senna e José Walter. Como parte da programação, serão visitados 175 quarteirões e 10.512 imóveis serão vistoriados, beneficiando 21 mil fortalezenses.
Cerca de 250 agentes de combate a endemias (ACEs) de Fortaleza estão envolvidos na operação, com a eliminação manual dos focos e aplicação de larvicida biológico nos armazenamentos d'água e aerosystem intradomiciliar, além de medidas de educação em saúde com visitas aos imóveis, exposições educativas, antirratização e formação de brigadas.
Dando continuidade às ações nos limites entre as cidades, as próximas atividades serão realizadas em conjunto com o município de Caucaia.
Prevenção
A melhor forma de combater o mosquito é a prevenção. Alguns cuidados devem ser adotados e reforçados nas casas.
Vedação de tonéis, caixas d’água e demais recipientes que possam acumular água. Trocar água dos bebedouros dos animais, desobstruir as calhas, guardar o lixo em sacos plásticos bem fechados são algumas das medidas a serem realizadas pela população.
Antônio dos Santos, de 58 anos, teve chikungunya recentemente e sofreu com as dores que a doença causa. Ao receber a visita dos agentes, foi encontrado um novo foco do mosquito no seu quintal, o que fez o aposentado ficar ainda mais alerta para não adoecer novamente.
“Eu cobri o vaso com plástico, mas estava furado. Agora vou ficar ligado, mais vigilante, porque essa doença é muito séria. Deixa a pessoa enfraquecida, com dor nas juntas, falta de apetite, é muito ruim. Vou ficar mais atento sobre os cuidados em casa com o mosquito, porque a chuva começou agora, se não tiver cuidado pode aumentar ainda mais”, contou ele.
Casos
De acordo com o Boletim Epidemiológico mais recente, em 2024, foram notificados 427 casos suspeitos de dengue. Desses, 6,3% (27) foram confirmados, 39,8% (170) descartados e 53,9% (230) ainda estão sob investigação, caracterizando um cenário de baixas confirmações dessa doença na Capital.
O cenário nacional, no entanto, é preocupante. É o que explica Nélio Morais, coordenador da Vigilância em Saúde de Fortaleza (Covis). “Normalmente os casos de dengue começam a aumentar a partir de março, indo até o mês de junho ou julho. Quando esse número extrapola, ele gera uma epidemia. Nós temos que estar atentos, porque o Brasil enfrenta a sua maior crise na história de transmissão da dengue, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste. É importante que tomemos as precauções, incluindo essa iniciativa, com os municípios unidos por uma responsabilidade maior que é a saúde da nossa população”, afirmou.
O gerente de endemias de Maracanaú, Herberth Girão, também comentou sobre a situação epidemiológica no seu município: “Já temos vários casos notificados de arboviroses em Maracanaú, com um índice de infestação um pouco elevado. Isso já é um alerta para a situação do nosso município, e mostra o quanto essa ação é importante, trazendo mais tranquilidade e segurança para a população”, explicou ele.
Operação Inverno
Outra ação com foco na prevenção às arboviroses é a Operação Inverno, realizada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que teve início em novembro do ano passado e antecede o período da quadra chuvosa com o objetivo de intensificar a prevenção e o controle das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Envolve 1.200 profissionais da Vigilância Ambiental de Fortaleza, que irão realizar, até o fim de fevereiro de 2024, atividades domiciliares em 46 bairros de Fortaleza, contemplando um raio de 5.789 quarteirões.
Na Operação Inverno 2022/2023, os agentes de endemias realizaram a visita domiciliar com tratamento focal em 695.102 residências, eliminando 8.600 focos de mosquitos. Também foram recolhidas 590 toneladas de pneus e realizadas 159 fiscalizações em borracharias, sucatas e canteiros de obras. Além disso, 15.410 ações de educação em saúde foram desenvolvidas.
As ações contam com a parceria das secretarias municipais de Educação (SME), de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), com a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) e entidades não governamentais.