As salas de aula da Rede Municipal têm sido incubadoras de projetos que nascem no cotidiano escolar e crescem ao ponto de ultrapassar os muros da escola. Um exemplo disso é o trabalho do professor de História Francisco Hugo Medeiros, que transformou uma ação criativa de divulgação da cultura indígena com os alunos, em um projeto que agora será compartilhado com educadores das mais de 600 unidades escolares de Fortaleza, além de ser acessível a outros profissionais do Ceará afora. Ele é um dos 60 profissionais que participam do Projeto Professor Autor 2023, cuja apresentação do trabalho ocorreu no primeiro dia do Festival Outubro Docente, realizado nesta sexta-feira (21/10), no Centro de Eventos do Ceará. O evento vai continuar na próxima semana até quinta-feira (27/10).
Na parte da manhã do evento, Hugo apresentou o projeto nomeado “Contos Indígenas ganham vida e o stop motion conta a história”, experiência desenvolvida com os alunos da Escola de Tempo Integral (ETI) Ademar Nunes Batista, no Conjunto Ceará (Distrito 3). O professor explica que o trabalho aliou a disciplina de História e tecnologia, com a criação de animação de contos do povo indígena. "Com esta iniciativa, nosso trabalho ganha espaço e amplitude. Achei importante o projeto sair dos muros da escola. Esta é a primeira vez que participo do projeto Professor Autor e está sendo uma construção muito bacana com os outros colegas”, considera.
Veterano na participação do Professor Autor, o educador Lucas de Sousa Ribeiro participa pela terceira vez do projeto. Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), ele apresentou, ao lado de dois colegas, os trabalhos “(Re)leituras criativas: a tecnodocência como ferramenta de promoção à leitura no Dia D da Leitura” e “Eletiva de geociência: aprendendo sobre as ciências da terra com atividades práticas e uma escola de tempo integral de Fortaleza”.
Os trabalhos de Lucas foram desenvolvidos a partir da estratégia de trazer os alunos para a prática de leitura de forma prazerosa, interligando leitura, arte e tecnologia. O professor de ciências da ETI Professora Antonieta Cals, São João do Tauape (Distrito 2), compreende que a iniciativa “busca favorecer a prática do professor e é uma forma de premiá-lo, pois é bom publicar um livro. A exposição dos trabalhos é um momento rico de troca entre nós. De modo geral, o festival é uma oportunidade de formação muito preciosa”.
Para quem estava na plateia, assistir à apresentação dos trabalhos dos professores motivou muitos educadores a participarem no próximo edital. A educadora Catarina Carneiro, do Centro de Educação Infantil (CEI) Professor Manuel Eduardo Pinheiro Campos, na Sabiaguaba (Distrito 2), esteve no evento para apoiar uma amiga que participou - mas não só isso, ela diz que saiu do festival entusiasmada. “O evento quebra um paradigma de que o professor da escola pública se acomodou e não inova. Vemos aqui o contrário, nossos professores continuam a crescer. Amei conhecer alguns trabalhos. Saio encantada e encorajada para desenvolver um projeto e apresentar ano que vem”.
II Colóquio da Educação de Fortaleza
Também nesta sexta-feira (21/10), ocorreu o II Colóquio da Educação de Fortaleza com trabalhos dos professores da Rede que estão nos programas de mestrado e doutorado de universidades parceiras, do Programa Observatório de Fortaleza. Além deste momento, serão apresentadas, ao longo da programação, as pesquisas pedagógicas mais atuais desenvolvidas pelos programas de pós-graduação.
Quem apresentou o resultado da pesquisa desenvolvida na Rede Municipal foi a professora Patrícia Felix Duarte, que agora já é mestre em Educação pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Ela foi uma das alunas da 1ª turma do Programa Observatório de Fortaleza. “O mestrado sempre foi um sonho desde que saí da graduação. A Prefeitura foi um facilitador na parceria com a Uece para meu ingresso na pós-graduação. O observatório é importante para o fomento da formação dos professores. Sou muito grata ao programa pela oportunidade de me desenvolver e contribuir com a educação de Fortaleza”, afirma a autora da pesquisa “A formação continuada e professores da Rede Municipal para o uso de tecnologias digitais”.
Festival
Dalila Saldanha, titular da Secretaria Municipal da Educação (SME), reforça que as inscrições para o festival continuam abertas. Segundo a gestora, a agenda múltipla permite que cada participante possa selecionar uma trilha na programação. “Será um momento de reflexão de práticas, mas também uma oportunidade para os nossos educadores relaxarem, com praça de alimentação, espaço para os professores-artistas, ilhas de vacinação, shows culturais, palestra com o Bráulio Bessa, entre outras diversas atividades. As vagas estão bem concorridas!”.
Professor Autor
O “Projeto Professor Autor... Fazendo história, trocando figurinhas” é uma das ações de reconhecimento da Prefeitura de Fortaleza ao trabalho docente, prioridade da gestão do prefeito José Sarto. A iniciativa existe desde 2017 e tem por objetivo geral reconhecer o desempenho do professor comprometido com o sucesso dos educandos, criando uma linha editorial para socialização das práticas docentes que contribuem para a melhoria das práticas pedagógicas.
Observatório da Educação
O Observatório da Educação (Lei 11.207/2021) tem o objetivo de desenvolver pesquisas educacionais junto à Rede Municipal de Ensino e investigar como políticas, programas e projetos são implementados e de que forma eles repercutem no sistema educacional e no desempenho escolar dos alunos. A disponibilização das vagas é fruto de convênios assinados entre a Prefeitura e universidades cearenses. Serão criadas, até 2024, mais de 300 vagas de mestrado e doutorado para os profissionais da Educação, por meio da iniciativa.
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