“O Melhor em Casa foi a melhor coisa que já aconteceu. Ter uma paciente em cuidados paliativos sendo assistida em casa, e não dentro de um hospital, o que é algo muito constrangedor, faz toda a diferença. Aqui em casa não falta nada para ela”, comenta o aposentado Edmilson Cavalcante, filho de dona Maria Francismar, uma das 1.265 pacientes atendidas pelo programa Melhor em Casa em Fortaleza.

Francismar convive com Parkinson há cerca de 10 anos, mas, desde uma pneumonia grave em 2024, passou a necessitar de cuidados contínuos e especializados. Após um período de internação na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Conjunto Ceará, ela foi passou a ser atendida na sua residência.

O Programa Melhor em Casa é uma iniciativa do Governo Federal, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), implementada em Fortaleza pela Prefeitura, e conta com 26 Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e nove Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Além do seu Edmilson, dona Francismar conta com cinco cuidadoras, todas filhas, que se revezam em plantões de cuidado. Uma delas é Irisdalva Cavalcante, que relata a melhora na qualidade de vida após a inclusão no programa.

“No começo, foi uma etapa bem complicada, mas depois ficamos muito tranquilas. Quando as equipes começaram a vir, a gente viu que tudo era muito bem atendido. Eu me sinto muito mais tranquila, porque da última vez que estivemos na UPA foi muito sofrimento para ela e para nós também, que somos filhas e cuidadoras”, afirmou.

Atendimentos

De janeiro a novembro de 2025, as equipes do Programa Melhor em Casa realizaram mais de 100 mil atendimentos e procedimentos na capital cearense, sendo 58.299 atendimentos e 42.926 procedimentos.

Segundo João Bastos, assessor técnico da Coordenadoria de Redes Pré-Hospitalar e Hospitalar (Coreph) de Fortaleza, o apoio familiar e uma rede de cuidados estruturada são fundamentais para a inclusão no programa.

“Essa transição do cuidado do hospital para o domicílio é essencial e exige que a família esteja organizada e conte com um cuidador. Esse é um critério importante para que o paciente seja admitido no programa. A participação da família e do cuidador faz muita diferença nesse processo. Sem essa estrutura, a assistência não acontece”, explicou.

Atenção personalizada

O Melhor em Casa é indicado para pacientes que necessitam de assistência médica e acompanhamento por equipes multiprofissionais, inclusive com necessidade de cuidados de maior complexidade, mas que não precisam permanecer hospitalizados. A modalidade reduz o risco de infecções, evita internações prolongadas e garante que o cuidado seja realizado no ambiente familiar.

Angellyne Pinheiro, médica responsável pelo atendimento da Maria Francismar comentou sobre a realização profissional ao fazer parte do programa.

“Sou muito realizada nessa área do atendimento domiciliar. Sou médica de Família e Comunidade e estar no convívio do paciente, dentro do seu domicílio, com acesso aos familiares, é realmente muito gratificante. Principalmente quando encontramos uma família que acolhe, entende o processo, compreende a necessidade do cuidado e também nos auxilia nesse acompanhamento”, destacou a profissional.

Como receber o atendimento domiciliar

O programa é voltado para pessoas que estejam passando por um momento de agravamento da doença e que, por limitações temporárias ou permanentes, não conseguem se deslocar até uma unidade de saúde. Sem essa possibilidade de atendimento domiciliar, esses pacientes poderiam acabar necessitando de hospitalização. Além disso, o serviço contribui para altas hospitalares mais rápidas, permitindo a continuidade do tratamento em casa, quando possível.

Os usuários com perfil elegível são encaminhados por postos de saúde, hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e pela atenção especializada. O atendimento ocorre no próprio domicílio, por equipe multiprofissional composta, entre outros profissionais, por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta e psicólogo, assegurando um cuidado equivalente ao prestado em uma unidade de saúde.