A gestação pode ser um dos momentos mais desafiadores da vida de uma mulher. Além das transformações físicas e emocionais, aspectos práticos do cotidiano e até mesmo as relações interpessoais podem passar por mudanças profundas. Nesse contexto, as gestantes necessitam aprender inúmeros novos conhecimentos sobre como cuidar de si mesmas e dos seus bebês, mas, principalmente, necessitam ser ouvidas e saber que há uma rede de apoio disponível. Tais fatores favorecem uma gestação mais segura e humanizada. Foi com esse propósito - de amparar ainda mais as mulheres e de fortalecer a vinculação delas com os postos de saúde e as maternidades da Capital - que surgiram os grupos de gestantes, iniciativa que compõe a rede materno-infantil da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Depois de confirmada a gestação e iniciado o pré-natal, as mulheres são convidadas a participar de encontros mensais para refletir sobre os cuidados essenciais em cada fase da gestação, bem como para conhecer e se relacionar com outras gestantes.
É o que acontece no grupo de gestantes do Posto de Saúde Pompeu Vasconcelos, no Barroso, há mais de três anos. Sob supervisão da enfermeira e professora Ticiane Miranda, o projeto é feito por profissionais do próprio posto em parceria com estudantes de enfermagem e educação física de universidades. De acordo com Ticiane, “muitas mães de primeira gestação chegam com dúvidas sobre o que fazer no início da gestação, os mitos, o que pode e o que não pode, e o grupo ajuda a agregar as gestantes na atenção básica, ensina elas a ter esse vínculo com os profissionais”. Atualmente, os grupos de gestantes acontecem em outras 67 unidades de atenção primária, em todas as regionais de saúde.
Saúde bucal durante a gestação
Além das consultas de pré-natal, as gestantes recebem também orientação e atendimento odontológico, imprescindível para evitar partos prematuros. A SMS garante o acesso da gestante a este cuidado com a saúde bucal durante o pré-natal. “A gente faz orientações não só para a saúde das gestantes, mas também a dos bebês. Até que a criança complete dois anos é necessário trazer os bebês ao posto para que a gente possa prevenir e orientar sobre a higiene oral e a dieta do bebê”, afirma Renata Castelo da Nóbrega, dentista do posto Pompeu Vasconcelos.
Vinculação
Outro ponto importante do acolhimento da rede materno-infantil é a vinculação. Durante o pré-natal, a gestante é vinculada à maternidade para assistência ao parto e atenção às intercorrências durante a gestação. Ela e sua família participam de visita guiada para conhecer e se familiarizar com o ambiente, contato essencial para um parto humanizado. O Encontro da Família Grávida, que acontece mensalmente no Hospital Nossa Senhora da Conceição, é outro projeto que fortalece a vinculação, integrando profissionais da atenção básica, da maternidade e a família gestante por meio de visitas guiadas e orientações para o parto.
Fortaleza foi uma das primeiras capitais do País a possuir mapa de vinculação, documento que direciona as gestantes para as suas respectivas maternidades de acordo com a região em que habitam.
Para Sthefany Sampaio, gestante que realiza seu pré-natal no posto Pompeu Vasconcelos, a estreita relação com os profissionais da unidade de atenção básica é fundamental para que possa seguir se cuidando durante a quinta gravidez. “Estou sendo acompanhada aqui no posto e na maternidade e tudo veio da base do posto, porque eles me encaminharam e me ajudaram com a capacidade de conseguir meus tratamentos. Toda semana estou aqui, eles me pesam, medem minha pressão, tenho acompanhamento com nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta. Eu tenho muita intimidade com a minha agente de saúde, com a minha médica e até com a coordenação”, declara.
Gravidez na adolescência
Nesse cenário, alguns indicadores destacam a atuação da rede de acolhimento materno-infantil no Município, como a redução da taxa gravidez na adolescência. Em 2020, foram 3.909 nascidos vivos de mães adolescentes na Capital; em 2022, 3.106, uma redução de aproximadamente 20%.
Quantidade de gestantes acolhidas
Atualmente, cerca de 12 mil mulheres estão em acompanhamento pré-natal nas unidades básicas de Fortaleza e mais de 8 mil iniciaram no período indicado (até 12 semanas de gestação).