Explorar novas possibilidades, desenvolver técnicas, trabalhar os pacientes de forma abrangente, multidisciplinar e humanizada. Estas são algumas competências que desafiam o dia a dia da turma de Residência Multiprofissional em Saúde do Instituto Dr. José Frota (IJF), programa realizado em parceria com a Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) desde 2014.
Coordenado pelo Centro de Estudos e Pesquisas do IJF (CEPESQ), o curso de especialização imersiva contempla profissionais de Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia, Serviço Social e Psicologia, que são incorporados à rotina do hospital. Cada turma reúne 16 residentes, que cumprem carga horária de 12 horas diárias ou 60 horas semanais, completando uma jornada de 5.760 horas ao longo de dois anos.
Para além do extenso ensino teórico-prático no que é hoje o maior hospital de urgência e emergência do Ceará, o programa também confere aos residentes a convivência direta com colegas de outras profissões, que não só ampliam as possibilidades de tratamento e abordagem em relação aos pacientes, mas intensificam a experiência no ambiente hospitalar, conforme destaca a coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, Renata Barreira.
“Os participantes estão imersos em várias atividades teóricas, transversais e comuns a todos os profissionais de todas as residências, além do programa mais específico em urgência e emergência, que também aborda as questões referentes a cada categoria profissional. Isso garante um olhar muito mais amplo e abrangente, para além da própria profissão”, explica.
Renata aponta, ainda, que o programa é potente por ser um projeto de residência muito amplo e que já é bem consolidado. “O lócus é referência na nossa cidade, o espaço acolhe traumas e todo tipo de violência externa. É um hospital que exige respostas muito rápidas e profissionais muito capacitados, e recebe pacientes extremamente complexos”, destaca.
Para a residente de Psicologia Andyslene Freitas, 27 anos, a oportunidade de trabalhar com outras profissões é um diferencial. “Podemos perceber o sujeito dentro de dimensões sociais que interferem nesse processo da saúde e, a partir disso, dialogar de forma que todo o trabalho se torna também mais benéfico para o paciente”, diz.
Segundo a residente de Enfermagem Caroline Vasconcelos, de 26 anos, as intervenções em grupo são mais eficientes graças às outras possibilidades de atividades inclusas na carga horária, que vão além do desenvolvimento de técnicas. “São estudos de caso, realização de seminários, tudo em momentos de interação e compartilhamento de experiências com as outras categorias profissionais", comenta.
Viviane Pacífico (24), residente de Enfermagem, afirma que "a experiência é um diferencial em relação a outras especializações na área da saúde. É interessante estar dentro do cenário da prática, não se compara a nenhuma outra modalidade de especialização.”
Por sua vez, Iashena Mendes, de 27 anos, também residente de Enfermagem, destaca que é inovador participar deste tipo de programa. “É uma imersão profunda no serviço, além de ter um retorno financeiro. São 12 horas do nosso dia e é tudo muito intenso, mas também é muito gratificante”, garante.
Residência médica
Conforme o tutor de internos do Programa de Residência de Medicina de Emergência do IJF, Maximiliano Porto, o Hospital é referência como escola para médicos, tanto pela diversidade de diagnósticos, por ser um grande centro de trauma, como pelo fato de os profissionais já terem incluído em suas rotinas o aprendizado de colegas mais jovens. “O IJF tem a configuração de priorizar o paciente no atendimento e ao mesmo tempo transmitir esses conhecimentos e dar oportunidade, com responsabilidade e supervisão, em todos os níveis de complexidade”, ressalta.
O tutor conta que a rotina dos médicos aprendizes envolve desde habilidades de comunicação com os pacientes ao campo cirúrgico, passando pela carga teórica, que inclui também lições de ética e profissionalismo. “O residente precisa se apresentar de forma profissional, adequada, segura e ética, de forma que o paciente seja valorizado do ponto de vista de uma consulta, atendimento e cirurgia bem feitos, seguindo todos os passos e oportunizando a formação”, conclui.