A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor), em parceria com o Instituto Cultural Iracema, realizou a cerimônia de abertura do 72º Salão de Abril, nesta quinta-feira (29/07), no Centro Cultural Casa do Barão de Camocim. Por conta da pandemia da Covid-19, durante o lançamento, o local foi restrito à presença dos artistas contemplados e as curadoras da mostra.
A exposição será aberta para visitação ao público a partir da próxima terça-feira (03/08) e segue até o dia 16 de setembro, de terça a sexta-feira, das 10h às 17h, e, no sábado, das 9h às 16h. Nesta edição, o Salão de Abril presta homenagem ao artista sobralense Raimundo Cela.
Estão em exibição 35 projetos, cinco a mais que os 30 selecionados nas mostras anteriores. A avaliação das 221 obras de artistas inscritos foi feita pela equipe técnica e curatorial da mostra formada pelas profissionais Ana Cecília Soares (CE), Luise Malmaceda (SP) e Luciara Ribeiro (SP).
O secretário da Cultura, Elpídio Nogueira destacou que ter três mulheres como curadoras deste evento, que já se consolidou no calendário cultural brasileiro, é também um marco para a história da arte cearense. Além disso, disse que por conta da pandemia, o formato é semipresencial, obedecendo às recomendações da Vigilância Sanitária. “Há toda a segurança necessária para a realização da exposição e esperamos que tenha o sucesso dos anos anteriores”.
A diretora presidenta do Instituto Cultural Iracema, Paola Braga, explicou que o evento foi pensado para acontecer de forma virtual mas, com a regressão da pandemia, foi possível abrir ao público. "Estamos totalmente preparados para que possamos atender também virtualmente. Este ano, com a influência do tempo pandêmico, muitas das obras dos artistas selecionados retratam também esse período”, pontuou.
Uma das artistas contempladas é Nataly Rocha, com o videoarte “Árido Brejo”, que traz de forma tragicômica em forma de dança os registros e as memórias de seus relacionamentos amorosos. “É muito importante, principalmente, na atual situação precária das artes, junto com a pandemia, ter esse respiro e essa fruição. Até para a nossa socialização, para a gente perceber que não estamos parados, mas resistindo e pensando sobre o nosso tempo. É muito gratificante para mim fazer parte do Salão e poder visitar o espaço, mesmo com restrições. É um incentivo muito grande”, ressaltou.
Juan Monteiro, representante do Coletivo Ponto, aprensentou também uma videoarte intitulada "Tanto Mar", que traz várias linguagens como fotografia, audiovisual, dança e moda, além de tratar questões como gênero, memória, afetividade e ancestralidade. “Vivemos um período de sucateamento do setor cultural e artístico. Nós, enquanto um coletivo jovem, que está tentando ocupar um espaço, não encontramos nem palavras para definir o que é estar aqui junto a esses outros artistas. Estamos vendo que nosso trabalho tem potência a partir do feedback da curadoria. Para nós está sendo enriquecedor, um local de evolução da nossa pesquisa e do nosso trabalho”, declarou.
Raimundo Cela
O homenageado da 72ª edição do Salão de Abril é o pintor, gravador e professor sobralense Raimundo Cela. O artista representa um grande marco para a arte regional, tornando-se um pintor renomado para o patrimônio artístico cearense e brasileiro.
Suas telas marcam presença em locais como a Academia Cearense de Letras; a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará; o gabinete do Reitor da Universidade Federal do Ceará, Cândido Albuquerque; no Governador do Ceará, Camilo Santana; e também do Prefeito de Fortaleza, José Sarto.
Raimundo Brandão Cela nasceu em Sobral, em 1890. Tem como temática abordada a tipologia da terra, isto é, os tipos humanos regionais, com perspectiva formal estética. Com telas luminosas e claras, retratou em suas obras a força do trabalhador, representadas pelos pescadores, vaqueiros, artesãos, operários e jangadeiros.
Raimundo Cela faleceu no Rio de Janeiro em 06 de novembro de 1954.
Obras expostas
As obras expostas no 72º Salão de Abril são "Chá de cadeira", de Ana Mundim (Fotografia); "Sob muitos sóis", de Anie Barreto (Pintura), "Invenção do meu avô", de Bruna Bortolotti e Gabrielle Tavares (Instalação); "Macho quer macho", de Charles Lessa (Pintura); "Série Tecituras", de Célio Celestino (Fotografia); "Ame as Deusas", de Marcelina e Natalia Coehl (Registro da Intervenção Urbana); "Tanto Mar", do Coletivo Ponto (Videoarte); "Armar uma rede", de David Felício e Jorge Silvestre (Escultura); "Fantasma Hereditário - Trilogia Fantasma", de Diego de Santos (Desenho); "Revista Capricha", de Diego Landin e Yuri Marrocos (Colagem); "Assentamento", de Eliana Amorim (Instalação); "Menu do dia ou um prato que se come frio", de Eliézer (Colagem); "Álbum Preto", de Felipe Camilo (Instalação/Livro de Artista); "Oxigênio", de Fernanda Siebra (Fotografia); "Árvore-Lágrima", de Fernando Jorge (Fotografia); "Eu-Não", de Flávia Almeida, Hailla Krulicoski e Caio Erick (Videoarte); "XAXARÁ", de George Ulysses Rodrigues de Sousa (Videoarte); "A margem de um rio que correm meus ancestrais", de Iago Barreto Soares (Videoarte); "Indicador social para jardim", de Jared Domício (Intervenção); "Corpografias em Contexto", de Jefferson Skorupski (Videoarte); "Cena de Assassinato", de João Paulo Duarte de Sousa (Performance); "Gaiola - Paisagem Interior", de Juliana Saavedra Mendoza (Videoarte); "Jogo da Memória - Para não esquecer", de Karl William (Instalação); "A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa [1500-1822-1871-1888-1889-1932-1960-1964-2016-2018 e contando]", de Lívio (Instalação); "Campo de Passagem'", de M Dias Preto (Instalação); "Dança para um futuro cego", de Maria Macêdo (Videoperformance); "Corpo_Santo", de Mario Sanders (Instalação); "Ecologia é poesia", de Naiana Magalhães (Escultura); "Árido Brejo", de Nataly Rocha (Videoarte); "Protótipo de inserção da experiência jangadeira no Brasil", do coletivo No Barraco da Constância tem! (Instalação); "Cartossangrias", de Núbia Agustinha (Instalação); "Nada pode ser feito até o tempo moderar", de Samuel Tomé (Objeto); "As finas tramas que nos unem", de Thaís de Campos (Fotografia); "Permitir o afeto - Viver o desejo - Esquecer o tempo", de Victor Cavalcante (Instalação); e "Máquina de Costurar", de Virginia Pinho (Fotografia).