A mobilidade urbana foi o tema central do primeiro painel desta sexta-feira (15/03) do 3º Seminário Internacional de Políticas Públicas Inovadoras para as Cidades, realizado pela Prefeitura de Fortaleza, por meio da Coordenadoria de Relações Internacionais e Federativas (Cerif).
O desafio da mobilidade é um tema urgente e presente nas grandes cidades do mundo. A especulação imobiliária nas extremidades das capitais e a atividade econômica sendo realizada, em sua maioria, nos centros das cidades, levam os moradores a percorrer grandes distâncias todos os dias. Essa demanda constante exige dos governos, alternativas e sistemas inteligentes de transporte.
O primeiro painel desta sexta-feira reuniu especialistas nacionais e internacionais para debater o tema. Mediados pela jornalista Mônica Valdvogel, Sérgio Avalleda, ex-secretário de Transportes de São Paulo; Abdulgafoor Bachani, diretor do Departamento de Prevenção de Lesões da Universidade John Hopkins (EUA); e Luiz Alberto Saboia, secretário-executivo Municipal de Conservação e Serviços Pùblicos, falaram sobre as políticas de mobilidade e debateram práticas de melhorias viárias.
“A demanda de mobilidade sustentável vai continuar crescendo, e o desafio de melhorar os projetos é permanente. Reunir líderes internacionais, servidores e a comunidade para debater melhorias nesse sentido, mesmo com grande restrição de recursos, mostra o nível de comprometimento da gestão para buscar melhores resultados”, declarou Sérgio Avalleda, ex-secretário de transportes de São Paulo.
Desde o início da gestão do prefeito Roberto Cláudio, a Prefeitura de Fortaleza desenvolve projetos e soluções inovadoras para melhorar o deslocamento dos cidadãos e o tráfego na cidade de forma sustentável e inclusiva. Em janeiro deste ano, a Prefeitura de Fortaleza foi premiada, em Washington, D.C., nos Estados Unidos, como a cidade vencedora do Sustainable Transportation Award (Prêmio Transporte Sustentável, em português), por seus projetos e intervenções inovadoras.
Em 2018, Fortaleza atingiu a meta de 108 Km de corredores de ônibus exclusivos, que incluem terminais de ônibus reformados, um sistema de transporte integrado e sistema de carro elétrico compartilhado. Além disso, Fortaleza implantou 225 Km de infraestrutura cicloviária e sistemas integrados de compartilhamento de bicicletas com transporte público. Os elementos de segurança viária implementados incluem, ainda, zona de trânsito calmo e um limite de velocidade reduzido, vias mais estreitas para carros com mais espaços e passagens elevadas para pedestres e redesenhos de cruzamentos.
"Algumas iniciativas que funcionam hoje em Fortaleza foram adaptadas de ideias inovadoras que debatemos nas duas edições anteriores. Passamos tanto tempo trabalhando com ações triviais que precisamos de momentos como esse, com especialistas renomados, para pensar fora da caixa e extrair informações valiosas que possam mudar a vida do Fortalezense", destacou o prefeito Roberto Cláudio.
Os impactos dos acidentes de trânsito para a saúde pública também foram debatidos no painel. O assunto foi comentado pelo diretor do Departamento de Prevenção de Lesões da Universidade John Hopkins (EUA), Abdulgafoor Bachani. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem no trânsito em todo o mundo e até 50 milhões sobrevivem com ferimentos e sequelas, desencadeando custos pessoais, sociais e econômicos incalculáveis.
"Não precisamos de mudanças drásticas para salvar pessoas. A redução da velocidade pode diminuir em até 20% o risco de morte ou sequelas graves, especialmente para pedestres, motociclistas e ciclistas, os ativos mais vulneráveis no trânsito. Fortaleza já está na direção certa para reduzir esses impactos no trânsito e na saúde das pessoas", afirmou o especialista.
O secretário-executivo da Conservação e Serviços Públicos, Luiz Alberto Saboia, destacou as iniciativas que vêm sendo desenvolvidas em Fortaleza. O último levantamento realizado pela Prefeitura, com o apoio da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global, sobre as mortes no trânsito na Cidade, aponta que ao longo de 2018, foram registrados 226 óbitos decorrentes de acidentes de trânsito, um número 40% menor do que os 377 óbitos contabilizados pelas autoridades de trânsito e saúde em 2014. O levantamento também mostra que, em relação ao ano anterior, a queda nas fatalidades foi de 12%, já que em 2017, 256 pessoas perderam a vida no trânsito.
O resultado conquistado por Fortaleza é fruto de uma estratégia que combina esforços de fiscalização, campanhas educativas, melhorias na coleta e análise de dados e também na engenharia e redesenho de ruas e avenidas. Para 2019, a Prefeitura de Fortaleza implementará diversas intervenções, como novas faixas elevadas de pedestre, novas áreas de trânsito calmo, além dos projetos caminhos da escola, calçada viva e “Cidade da Gente”.
“Em abril, faremos a primeira calçada viva de Fortaleza na Rua Barão do Rio Branco, no trecho entre o Passeio Público e a Duque de Caxias. Além disso, ainda neste semestre, o Lago Jacarey se tornará parte do projeto 'Cidade da Gente', como é hoje o Dragão do Mar, e já estamos negociando com a Pasta da Saúde, a implantação de seis áreas de trânsito calmo nos arredores das escolas municipais”, explicou Luis Alberto Sabóia, secretário-executivo da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP).