É cantarolando sambas antigos e espalhando bom humor pelas ruas da cidade que, todos os dias, o gari Francisco Alves sai de casa para trabalhar. Atuando na limpeza pública urbana de Fortaleza há quase 40 anos, o servidor trabalha na região da Praça Gustavo Barroso, também conhecida como Praça do Liceu, no Centro da capital. Um trabalho para o qual ele se sente vocacionado.
"Eu amo o que eu faço. Gosto de passar pela rua e ver que realizei um bom trabalho. Gosto de deixar tudo bem limpinho. Até mesmo nas minhas folgas, eu procuro algum lugar para fazer a limpeza. Meus vizinhos adoram", confessa Francisco, dando risadas.
Uma vocação que também se estende para outras áreas. Com os resíduos que encontra no caminho, Francisco improvisa diversos tipos de instrumentos musicais. As antigas latas de óleo de cozinha, por exemplo, dão lugar ao reco-reco, enquanto outros tipos de embalagens são transformados em pandeiro e tambor. Mas com qualquer objeto em mãos, ele consegue tirar umas notas musicais e alegrar os colegas.
"Meus amigos adoram me ver tocando e cantando. Às vezes, a gente até dança um pouquinho. Temos que levar o nosso dia-a-dia com alegria, com música e muito sorriso", afirma.
Fortaleza conta, atualmente, com 600 servidores garis, sendo que cerca de 350 estão na ativa. Além de 544 profissionais do Consórcio Fortaleza Limpa e 684 da Ecofor Ambiental. Responsáveis por manter as ruas, praças e praias limpas, os profissionais estão dentro das categorias consideradas essenciais à sociedade.
Reconhecimento
Nesta terça-feira (16/06), é celebrado o Dia do Gari, uma data que nos lembra da necessidade de reconhecer esses profissionais que trabalham para manter a cidade limpa.
Na profissão há 34 anos, José Cláudio de Souza se sente orgulhoso pela função que exerce, mas ressalta que as pessoas ainda precisam aprender a valorizar mais esse trabalho, demonstrando a importância da colaboração mútua.
"Meu maior desejo é que a população reconheça o nosso trabalho e nos ajude. Afinal, todos querem uma cidade limpa", pontua ele, que atua no bairro Messejana.
O mesmo desejo é compartilhado pelo gari José Arimatéia. Na ativa há 42 anos, Arimatéia, que trabalha no Ecoponto do bairro Benfica, conta que sempre orienta populares sobre a importância do descarte correto de resíduos. Ele, que já atuou na varrição de ruas e avenidas da cidade, coleta domiciliar, em praças e prédios públicos, diz que mesmo diante das dificuldades que enfrenta, tem orgulho da profissão.
"Tenho muito orgulho do meu trabalho. É através dele que consigo sustentar a minha família e que criei meus quatro filhos. Todos concluíram os estudos e eu tenho orgulho de poder proporcionar isso a eles", revela Arimatéia emocionado.
A data
Comemorado no dia 16 de maio, o Dia do Gari tem o objetivo de homenagear os profissionais responsáveis em manter as ruas, praças e praias limpas de todo o lixo gerado pela natureza ou por meio da ação do ser humano.
O termo surgiu em homenagem ao francês Pedro Aleixo Gary, que ficou conhecido por ser o fundador da primeira empresa de coleta de lixo nas ruas do Rio de Janeiro, em 1876.