“O futebol significa vida, oportunidade, espaço. É um esporte que faz parte da minha vida, é realização, visibilidade e, principalmente, a possibilidade de estarmos onde quisermos”. A emoção compreendida na fala de Maria Isanete Teixeira, treinadora do time fortalezense As Minas, é apenas um dos exemplos da virtude da transformação e da glória que carrega o futebol, o esporte mais popular do Brasil, celebrado nesta segunda-feira, 19 de julho. A data foi estabelecida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 1976.
O time feminino de futebol As Minas, fundado na Areninha da Barra do Ceará no final de 2018, reúne cerca de 20 mulheres entre 18 e 32 anos. Maria Isanete, por gostar tanto da atividade, quando soube da CopArena de 2019, viu surgir uma oportunidade. A equipe foi vice-campeã da competição.
“Tivemos dificuldades, lutamos para treinar aqui na Areninha e ir para os jogos. No dia a dia, percebi que o futebol feminino não tem muito espaço, algo que acontece em todo o mundo, mas a gente conseguiu essa colocação. Isso é de grande valia e me faz muito feliz. Me sinto uma pessoa realizada e grata por estar no meio delas, é tudo para mim”, relata.
Tais Lima, integrante da equipe, tem 25 anos e conta que começou a jogar bola aos cinco anos de idade. Revela ser grata ao futebol por ter se afastado de atividades ilícitas, conseguido superar o luto pela morte precoce da mãe e encontrado um caminho para seguir.
“O futebol para mim é tudo. Tenho minha vida, meu respirar, meu coração muito bom, por causa dele. Minha família toda agradece por eu ter procurado o futebol, é meu ‘azilamento’, e é o que eu mais gosto de fazer. Eu sou feliz aqui, pratico dois horários aqui na Areninha em times femininos, e o espaço é muito bom. Somos bem recebidas, aqui é nossa casa”, diz
Projetos sociais
Seguindo ainda na orla de Fortaleza, mais precisamente na Areninha do Pirambu, o ex-atleta de beach soccer, Markinhos Cearense, morador do bairro, há mais de quatro anos decidiu reunir crianças que estavam dispersas no contraturno da escola pelas ruas da comunidade para praticar futebol. Dessa forma, ele criou o projeto Pirambu Jr.
“Ali, deu um despertar no coração para fazer algo por essa juventude que precisa de uma atenção, principalmente nessa comunidade, que muitos tratam como crítica. Usei o futebol para atraí-los e aqui também temos diálogos sobre cidadania. Hoje já temos 64 alunos de 15 a 17 anos, além de outro projeto com reforço escolar, dança e canto, incluindo também a parte feminina”.
Conforme o idealizador, é requisito para participar manter um bom relacionamento em casa, uma boa conduta nas ruas, boas notas na escola. O diálogo e a motivação também fazem parte do cotidiano dos atletas.
Um deles é Vinícius Costa, de 18 anos. Começou a jogar futebol na praia, mas passou a gostar do campo na Areninha e jogando no projeto. Ele conta que, por meio da iniciativa, já participou de competições como Taça das Favelas e até mesmo do campeonato intermunicipal.
“O futebol é tudo pra mim. Jogar, assistir. Aqui, a gente aprende a ter conduta dentro e fora de campo, principalmente na escola, e a ser um cidadão melhor, a melhorar a relação com a família”, destacou.
Já do outro lado da Cidade, no Sítio Córrego, a estrutura das Areninhas da Prefeitura permitiu o surgimento de outro projeto social de destaque, comandado por Evandro Ribeiro e Gerfison Lopes. Há 15 anos, Evandro começou a reunir meninos egressos de medidas socioeducativas para jogar bola. Por sua vez, Gerfison acabou assumindo o projeto de um colega de faculdade que faleceu precocemente. Em 2014, os dois uniram os trabalhos e, assim, surgiu a Escola de Formação Esportiva Mondubim.
“Um anjo apareceu na minha vida para realizar esse sonho e dar continuidade ao projeto de ajudar essas crianças, que, num futuro próximo possam, ser cidadãos, constituir famílias. É emocionante, é realização. As dificuldades do dia a dia, do trabalho, quando a gente chega aqui, desaparecem. A gente vê uma criança dessa construir o sonho de, no futuro, poder ser um jogador de futebol, ficamos muito felizes. O futebol é respeito, gratidão e emoção”, disse, Gerfison.
No local, são contemplados cerca de 100 crianças e adolescentes, entre meninos e meninas, que vêm se destacando no mercado esportivo e sendo contratados por clubes de futebol locais. “Mas a nossa meta é torná-los cidadãos, vê-los trabalhando”, reforçou Evandro.