07 de Abril de 2025 em Fortaleza IMPRIMIR

Medalha Iracema: Dora Andrade uniu dança e trabalho social para encontrar seu lugar no mundo

Já são 34 anos construindo e sendo construída pela Edisca. Se depender dela, muito ainda será feito


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Dora Andrade posa para a foto  no palco com os alunos da Edisca
A história da Edisca está entremeada à vida de Dora Andrade, coreógrafa, professora de dança e diretora da instituição (Fotos: Kiko Silva)

Professora, coreógrafa, realizadora, fundadora e diretora da Escola de Desenvolvimento e Integração Social para Criança e Adolescente (Edisca), uma mulher ocupando o seu lugar no mundo, Dora Andrade é uma das três pessoas homenageadas com a Medalha Iracema em 2025. A comenda será entregue na próxima sexta-feira (11/4), no Teatro São José, como parte das celebrações dos 299 anos de Fortaleza, que serão completados no próximo 13 de abril.

Quando entrou no Jangurussu pela primeira vez, no início da década de 1990, Dora sentiu tudo mudar. Até hoje ela guarda na memória o cheiro e as imagens do território em que na época funcionava um aterro sanitário. A situação de extrema vulnerabilidade na qual viviam as famílias que tiravam do lixo o pouco sustento impactou Dora, mas houve um espanto ainda maior, com a própria ignorância: “como eu não sabia que existiam pessoas vivendo naquela condição?”

Era preciso fazer algo para mudar aquela realidade. Dora tentou levar outras Fortalezas, mais influentes e abastadas, para o Jangurussu, mas não conseguiu. “Eu considerava quase que um insulto para qualquer mulher ou homem nordestino, cearense, a condição dos filhos dos mais pobres. Até hoje eu não compreendo como ainda tem pessoas que conseguem se manter de braços cruzados diante de realidades tão duras”, conta Dora.

Dora Andrade posa para a foto em pé no seu escritório
“O que a Edisca faz é uma revolução em ato”, descreve 

O contato com tanto desamparo e a frustração de não receber respostas aos muitos pedidos de ajuda mobilizaram a Dora coreógrafa. Em 1995, após uma intensa convivência com as famílias do bairro, nasceu o espetáculo "Jangurussu".

Para ela, o espetáculo foi uma forma de encontrar caminhos. Entretanto, é preciso cuidado para tocar a dor do outro. “Do ponto de vista artístico, foi um desafio muito grande para mim”, relembra. “Porque uma coisa é construir um espetáculo sobre uma lenda, um mito, e outra é falar com extremo respeito, buscando a dignidade das pessoas que estão no teu quintal, no teu jardim, que são teus contemporâneos. Como tornar visível aquela dureza sem humilhá-los, sem gerar constrangimento?”

O percurso criativo, trilhado com a sensibilidade de quem dança, tratou de trazer respostas possíveis. Construir conexões reais, fortes e duradouras, pela presença, e partilhar o espetáculo com quem o inspirou foram alguns caminhos. Quando estreou, "Jangurussu" foi recorde de público no Theatro José de Alencar e causou comoção em Fortaleza.

“Vendo toda a emoção e a mobilização de reflexões que aquele espetáculo causou, ficou mais forte para mim a percepção do poder da arte. Eu vi que um espetáculo de dança também pode mudar vidas. Que assistir uma ópera, um teatro, isso pode, sim, provocar grandes transformações”, avalia a coreógrafa.

A história de "Jangurussu" se entrelaça à da Escola de Dança e Integração Social para a Criança e Adolescente (Edisca). E a história da instituição está entremeada à vida de Dora Andrade, coreógrafa, professora de dança e diretora da Edisca.

Dora Andrade nasceu em 13 de março de 1959, em Fortaleza. Filha da pedagoga e professora Gislene Andrade e do Advogado e professor Hemetério Pereira Araújo, Dora foi criada no bairro Panamericano. Em casa, a paixão dos pais pela arte e a educação se materializava em um ambiente criativo. “Na minha casa, havia um piano, laboratório de química, laboratório de revelação de fotos, uma biblioteca.”

Da mãe, dona Gislene, Dora acredita ter herdado e aprendido a generosidade. Do pai, seu Hemetério, ela incorporou a força realizadora. Do seu tempo, aprontou um imaginário povoado pelo esplendor da bailarina.

Aos 10 anos, começou a estudar dança com o professor Hugo Bianchi, um dos pioneiros do balé no Ceará e “grande mestre” que Dora cita com orgulho. Entretanto, a vivência no balé clássico era acompanhada de um sentimento de inadequação.

“Eu tive muita dificuldade de encontrar o meu caminho na dança. Tinha um peso muito grande, na época, essa ideia de que era preciso ter um biotipo para dançar, o da bailarina clássica, uma coisa etérea. Eu sou uma mulher de biotipo caboclo, e não me encaixava."

Os passos ficaram mais leves quando ela descobriu a dança contemporânea. Começou a amar e encontrar sentido na dança, um espaço para se expressar. “Eu sempre fui uma pessoa extremamente tímida, então a dança era um caminho onde eu podia mostrar minhas ideias, como eu me via nesse mundo, e chamar atenção das pessoas para coisas que eu considerava importantes, sobre as quais eu queria que refletissem”, descreve.

Nos passos da dança contemporânea, correu mundo por muitos anos. Estudou em Brasília, Curitiba, nos Estados Unidos, na França e na Espanha. Com o aprendizado das andanças, foi edificando seu trabalho como professora de dança e coreógrafa, e estabeleceu escolas particulares em Fortaleza, Quixadá e Sobral, até criar o Grupo de Dança Dora Andrade.

Ganhou prêmios, fez turnês e criou projetos para captação de recursos para processos de criação e para a circulação do grupo. E então, em contrapartida aos apoios que recebia do Governo do Ceará, passou a dar aulas para crianças do Morro Santa Terezinha.

Dora começou trabalhando com 50 crianças e, nove meses, depois estava estreando a primeira apresentação, chamada "O Maior Espetáculo da Terra", e ensinando dança para 117 crianças. “Eu queria fazer alguma coisa, e a única coisa que eu sabia fazer bem era trabalhar com dança. Foi um encontro tão fulminante, que eu fechei as escolas e encerrei o trabalho com o grupo. A Edisca começou em 1991. Quatro anos depois, em 1995, estreamos Jangurussu, o primeiro balé em que nós cobramos ingressos”, relembra.

Seguindo os passos do tempo, Dora foi entendendo que, para promover transformação social, precisava desenvolver uma metodologia mais abrangente, na qual a arte seria a “cereja do bolo”. Com a observação constante, sensível, das necessidades das crianças e suas famílias, a Edisca começou a criar a estratégia pedagógica e de educação social que vem contribuindo para o desenvolvimento de milhares de crianças e adolescentes.

Dora entende que as transformações mais profundas levam tempo, exigem presença ativa, atenta, e que cada pessoa precisa ser olhada em suas singularidades. “A nossa opção foi trabalhar de forma mais profunda, conhecendo cada criança, sabendo o nome de cada uma delas, quem é a mãe, qual é o drama familiar que estão passando naquele momento, e oportunizando um espaço de formação mais largo”, explica.

34 anos de Edisca

Dora Andrade posa para a foto no palco da Edisca
Em 2025, a Edisca completa 34 anos de existência

Em 2025, a Edisca completa 34 anos de existência. Nesse período, a Escola contemplou 2.817 crianças e adolescentes com seus programas formativos contínuos, criou 19 espetáculos de dança e teatro - todos coreografados por Dora -, que foram encenados 555 vezes para um público total de 333.475 pessoas no Brasil e no exterior, e realizou 39 projetos socioculturais.

“Nesses 34 anos, eu nunca tive um ano fácil, de verdade. E tive alguns extremamente desafiadores." A busca da sustentabilidade financeira, peleja maior, ocupa a cabeça de Dora há muitos anos e já rendeu loja sazonal em shopping, a comercialização de espetáculos e um brechó.

O sustento principal vem das boas relações. Parcerias com entidades como a Unesco, o Instituto Ayrton Senna e governos, por meio de leis de incentivo e editais, são longevas. A boa vontade de doadores também é celebrada. Ainda assim, “não existe nada mais desafiador que manter essa estrutura”.

Mesmo assim, Dora é convicta. “O que a Edisca faz é uma revolução em ato”, descreve. E justifica celebrando a entrada de “meninos e meninas” nas universidades públicas com notas excelentes. “A educação não acontece do dia para a noite. É um processo largo. Sobretudo quando você pensa em educação com as pessoas em circunstâncias de extrema pobreza, onde existem todas as ausências, onde existe muita violência. O crime namora com aqueles meninos diariamente”, diz, com a franqueza de quem bem sabe que é difícil ensinar quem vive em um mundo com poucas oportunidades a fazer boas escolhas.

Com 66 anos de vida, 34 deles entremeados a Edisca, Dora sente que escolheu o caminho certo. “Eu sempre fui uma bailarina medíocre, acho que fui melhor coreógrafa do que bailarina disparada. Mas as melhores experiências humanas que eu tive na vida, as maiores emoções, eu recebi através da dança. Encontrei meu lugar certo na dança quando juntei a dança e o fazer social."

A mulher de 66 anos contempla a menina que começou a dançar na primeira década da vida, a bailarina clássica, a bailarina contemporânea, a professora, coreógrafa, realizadora, fundadora e diretora da Edisca, uma mulher ocupando o seu lugar no mundo. Diz que gosta de ver os outros dançarem, quer continuar trabalhando até o fim da vida, criando coreografias, fortalecendo a Edisca e partilhando seus conhecimentos com quem constrói projetos semelhantes. Nos olhos de ver, Dora ainda dança.

Medalha Iracema: Dora Andrade uniu dança e trabalho social para encontrar seu lugar no mundo

Já são 34 anos construindo e sendo construída pela Edisca. Se depender dela, muito ainda será feito

Dora Andrade posa para a foto  no palco com os alunos da Edisca
A história da Edisca está entremeada à vida de Dora Andrade, coreógrafa, professora de dança e diretora da instituição (Fotos: Kiko Silva)

Professora, coreógrafa, realizadora, fundadora e diretora da Escola de Desenvolvimento e Integração Social para Criança e Adolescente (Edisca), uma mulher ocupando o seu lugar no mundo, Dora Andrade é uma das três pessoas homenageadas com a Medalha Iracema em 2025. A comenda será entregue na próxima sexta-feira (11/4), no Teatro São José, como parte das celebrações dos 299 anos de Fortaleza, que serão completados no próximo 13 de abril.

Quando entrou no Jangurussu pela primeira vez, no início da década de 1990, Dora sentiu tudo mudar. Até hoje ela guarda na memória o cheiro e as imagens do território em que na época funcionava um aterro sanitário. A situação de extrema vulnerabilidade na qual viviam as famílias que tiravam do lixo o pouco sustento impactou Dora, mas houve um espanto ainda maior, com a própria ignorância: “como eu não sabia que existiam pessoas vivendo naquela condição?”

Era preciso fazer algo para mudar aquela realidade. Dora tentou levar outras Fortalezas, mais influentes e abastadas, para o Jangurussu, mas não conseguiu. “Eu considerava quase que um insulto para qualquer mulher ou homem nordestino, cearense, a condição dos filhos dos mais pobres. Até hoje eu não compreendo como ainda tem pessoas que conseguem se manter de braços cruzados diante de realidades tão duras”, conta Dora.

Dora Andrade posa para a foto em pé no seu escritório
“O que a Edisca faz é uma revolução em ato”, descreve 

O contato com tanto desamparo e a frustração de não receber respostas aos muitos pedidos de ajuda mobilizaram a Dora coreógrafa. Em 1995, após uma intensa convivência com as famílias do bairro, nasceu o espetáculo "Jangurussu".

Para ela, o espetáculo foi uma forma de encontrar caminhos. Entretanto, é preciso cuidado para tocar a dor do outro. “Do ponto de vista artístico, foi um desafio muito grande para mim”, relembra. “Porque uma coisa é construir um espetáculo sobre uma lenda, um mito, e outra é falar com extremo respeito, buscando a dignidade das pessoas que estão no teu quintal, no teu jardim, que são teus contemporâneos. Como tornar visível aquela dureza sem humilhá-los, sem gerar constrangimento?”

O percurso criativo, trilhado com a sensibilidade de quem dança, tratou de trazer respostas possíveis. Construir conexões reais, fortes e duradouras, pela presença, e partilhar o espetáculo com quem o inspirou foram alguns caminhos. Quando estreou, "Jangurussu" foi recorde de público no Theatro José de Alencar e causou comoção em Fortaleza.

“Vendo toda a emoção e a mobilização de reflexões que aquele espetáculo causou, ficou mais forte para mim a percepção do poder da arte. Eu vi que um espetáculo de dança também pode mudar vidas. Que assistir uma ópera, um teatro, isso pode, sim, provocar grandes transformações”, avalia a coreógrafa.

A história de "Jangurussu" se entrelaça à da Escola de Dança e Integração Social para a Criança e Adolescente (Edisca). E a história da instituição está entremeada à vida de Dora Andrade, coreógrafa, professora de dança e diretora da Edisca.

Dora Andrade nasceu em 13 de março de 1959, em Fortaleza. Filha da pedagoga e professora Gislene Andrade e do Advogado e professor Hemetério Pereira Araújo, Dora foi criada no bairro Panamericano. Em casa, a paixão dos pais pela arte e a educação se materializava em um ambiente criativo. “Na minha casa, havia um piano, laboratório de química, laboratório de revelação de fotos, uma biblioteca.”

Da mãe, dona Gislene, Dora acredita ter herdado e aprendido a generosidade. Do pai, seu Hemetério, ela incorporou a força realizadora. Do seu tempo, aprontou um imaginário povoado pelo esplendor da bailarina.

Aos 10 anos, começou a estudar dança com o professor Hugo Bianchi, um dos pioneiros do balé no Ceará e “grande mestre” que Dora cita com orgulho. Entretanto, a vivência no balé clássico era acompanhada de um sentimento de inadequação.

“Eu tive muita dificuldade de encontrar o meu caminho na dança. Tinha um peso muito grande, na época, essa ideia de que era preciso ter um biotipo para dançar, o da bailarina clássica, uma coisa etérea. Eu sou uma mulher de biotipo caboclo, e não me encaixava."

Os passos ficaram mais leves quando ela descobriu a dança contemporânea. Começou a amar e encontrar sentido na dança, um espaço para se expressar. “Eu sempre fui uma pessoa extremamente tímida, então a dança era um caminho onde eu podia mostrar minhas ideias, como eu me via nesse mundo, e chamar atenção das pessoas para coisas que eu considerava importantes, sobre as quais eu queria que refletissem”, descreve.

Nos passos da dança contemporânea, correu mundo por muitos anos. Estudou em Brasília, Curitiba, nos Estados Unidos, na França e na Espanha. Com o aprendizado das andanças, foi edificando seu trabalho como professora de dança e coreógrafa, e estabeleceu escolas particulares em Fortaleza, Quixadá e Sobral, até criar o Grupo de Dança Dora Andrade.

Ganhou prêmios, fez turnês e criou projetos para captação de recursos para processos de criação e para a circulação do grupo. E então, em contrapartida aos apoios que recebia do Governo do Ceará, passou a dar aulas para crianças do Morro Santa Terezinha.

Dora começou trabalhando com 50 crianças e, nove meses, depois estava estreando a primeira apresentação, chamada "O Maior Espetáculo da Terra", e ensinando dança para 117 crianças. “Eu queria fazer alguma coisa, e a única coisa que eu sabia fazer bem era trabalhar com dança. Foi um encontro tão fulminante, que eu fechei as escolas e encerrei o trabalho com o grupo. A Edisca começou em 1991. Quatro anos depois, em 1995, estreamos Jangurussu, o primeiro balé em que nós cobramos ingressos”, relembra.

Seguindo os passos do tempo, Dora foi entendendo que, para promover transformação social, precisava desenvolver uma metodologia mais abrangente, na qual a arte seria a “cereja do bolo”. Com a observação constante, sensível, das necessidades das crianças e suas famílias, a Edisca começou a criar a estratégia pedagógica e de educação social que vem contribuindo para o desenvolvimento de milhares de crianças e adolescentes.

Dora entende que as transformações mais profundas levam tempo, exigem presença ativa, atenta, e que cada pessoa precisa ser olhada em suas singularidades. “A nossa opção foi trabalhar de forma mais profunda, conhecendo cada criança, sabendo o nome de cada uma delas, quem é a mãe, qual é o drama familiar que estão passando naquele momento, e oportunizando um espaço de formação mais largo”, explica.

34 anos de Edisca

Dora Andrade posa para a foto no palco da Edisca
Em 2025, a Edisca completa 34 anos de existência

Em 2025, a Edisca completa 34 anos de existência. Nesse período, a Escola contemplou 2.817 crianças e adolescentes com seus programas formativos contínuos, criou 19 espetáculos de dança e teatro - todos coreografados por Dora -, que foram encenados 555 vezes para um público total de 333.475 pessoas no Brasil e no exterior, e realizou 39 projetos socioculturais.

“Nesses 34 anos, eu nunca tive um ano fácil, de verdade. E tive alguns extremamente desafiadores." A busca da sustentabilidade financeira, peleja maior, ocupa a cabeça de Dora há muitos anos e já rendeu loja sazonal em shopping, a comercialização de espetáculos e um brechó.

O sustento principal vem das boas relações. Parcerias com entidades como a Unesco, o Instituto Ayrton Senna e governos, por meio de leis de incentivo e editais, são longevas. A boa vontade de doadores também é celebrada. Ainda assim, “não existe nada mais desafiador que manter essa estrutura”.

Mesmo assim, Dora é convicta. “O que a Edisca faz é uma revolução em ato”, descreve. E justifica celebrando a entrada de “meninos e meninas” nas universidades públicas com notas excelentes. “A educação não acontece do dia para a noite. É um processo largo. Sobretudo quando você pensa em educação com as pessoas em circunstâncias de extrema pobreza, onde existem todas as ausências, onde existe muita violência. O crime namora com aqueles meninos diariamente”, diz, com a franqueza de quem bem sabe que é difícil ensinar quem vive em um mundo com poucas oportunidades a fazer boas escolhas.

Com 66 anos de vida, 34 deles entremeados a Edisca, Dora sente que escolheu o caminho certo. “Eu sempre fui uma bailarina medíocre, acho que fui melhor coreógrafa do que bailarina disparada. Mas as melhores experiências humanas que eu tive na vida, as maiores emoções, eu recebi através da dança. Encontrei meu lugar certo na dança quando juntei a dança e o fazer social."

A mulher de 66 anos contempla a menina que começou a dançar na primeira década da vida, a bailarina clássica, a bailarina contemporânea, a professora, coreógrafa, realizadora, fundadora e diretora da Edisca, uma mulher ocupando o seu lugar no mundo. Diz que gosta de ver os outros dançarem, quer continuar trabalhando até o fim da vida, criando coreografias, fortalecendo a Edisca e partilhando seus conhecimentos com quem constrói projetos semelhantes. Nos olhos de ver, Dora ainda dança.