Apaixonados pela natureza, voluntários se reuniram na Praia de Iracema, na manhã deste sábado (18/09), para participar de ações educativas e de preservação do meio ambiente, em alusão ao Dia Mundial de Limpeza das Praias. Os grupos recolheram materiais descartados na faixa de areia e realizaram troca de materiais recicláveis por mudas. As atividades foram coordenadas pela Secretaria do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), em parceria com o Governo do Estado do Ceará.

A data é celebrada no Brasil desde 1997, sempre no terceiro sábado de setembro. Este ano, a previsão é de que mais de 180 países se mobilizem pela causa, com mais de 50 milhões voluntários envolvidos.

Na Praia de Iracema, deram apoio às ações, voluntários do projeto Cuca Ambiental, da Coordenadoria de Juventude, da Secretaria de Turismo, da Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova), da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) e da Ecofor.

O projeto Re-ciclo também participou da ação. Dois triciclos elétricos do projeto transportaram os resíduos recolhidos, que serão comercializados pela Associação Mulheres Luta em Cena.

Cerca de 25 voluntários da Rede Cuca, em sua maioria estudantes, foram mobilizados para o mutirão de limpeza. A atividade serviu como experiência prática em um projeto ambiental que, muitas vezes, é difícil de executar em sala de aula, contou a universitária de Geografia, Ingrid de Almeida, 21.

"Dentro da universidade, a gente não conseguia ter a experiência da extensão, que é o que a universidade prega. Até por causa da pandemia. E foi o que a gente achou no Cuca Ambiental, conseguir botar em prática o que aprende na universidade. A gente aprende que os conhecimentos têm que ser repassados, mas não tava tendo oportunidade de repassar pra sociedade, e agora tá tendo", pontuou a estudante.

Foi a primeira vez que Ingrid Almeida participou de uma limpeza no local. "Se a gente usufrui da praia, a gente precisa realmente cuidar dela", alertou.

Conexão com a natureza

O cuidado com a limpeza da praia é parte do estilo de vida do geógrafo Tomaz Xavier, 31. Ao saber da ação, ele levou a família para se juntar à força-tarefa deste sábado na Praia de Iracema.

"Nós já temos o costume de, quando vamos às praias, sair caminhando na praia e catando os recicláveis. Sou geógrafo há dez anos, sou sempre ligado à questão ambiental, e me chama muito atenção o problema do lixo, não só nas praias mas na cidade toda. É preciso melhorar essa questão", salientou.

Para Adriana Nogueira, 61, era uma vontade antiga fazer parte de um projeto de proteção das praias."Há muito tempo tenho esse desejo. A gente vê as praias cada vez mais sujas, cheias de plásticos, os oceanos também, os peixes morrendo. Ele (Tomaz) me falou do convite e nós viemos", comentou.

Agente cativo de preservação da praia, o artista visual "Carlos Careca", 60, também se uniu ao projeto. Careca é criador da escultura de tartaruga feita com cocos e garrafas recolhidas durante sete meses na praia, exibida nas areias da Praia de Iracema.

"Minha infância toda foi brincando aqui na Praia de Iracema, vendo golfinhos e tartarugas, tinha muito nas décadas de 1960 e 1970. Hoje, a gente vê muitas dessas tartarugas morrendo porque ingerem plástico e todo tipo de lixo", lamentou.

O artista está acostumado a recolher o que chamou de micro lixo: "bitucas" de cigarro, papel de bombons e pedaços de objetos de plástico. Entre as suas criações, também está um coletor de cigarro feito de garrafões de plástico, que ele leva para a praia para catar as "bitucas".

"A gente vai trabalhando pela natureza e fazendo o que pode pelo meio ambiente, que é nossa casa. Se não cuidar, meus filhos e meus netos não vão poder aproveitar. Moro por aqui e desço todo dia pra fazer a limpeza da praia", contou.