A Prefeitura de Fortaleza divulgou nesta quarta-feira (02/02) os dados do II Censo Municipal da População de Rua, que tem como objetivo nortear as políticas públicas para a população mais vulnerável da Capital. A pesquisa mostrou que 2.653 pessoas vivem em situação de rua na cidade, sendo a maioria do sexo masculino (81,5%) e com idade entre 31 a 49 anos (49,1%). A partir das informações obtidas pelo Censo, a Prefeitura irá realizar um pacote de ações emergenciais, que serão anunciadas pelo prefeito José Sarto nos próximos dias.
"O desemprego e o empobrecimento da população nos últimos anos levaram muitas pessoas para a situação de rua. O Censo foi exatamente para diagnosticar o crescimento desse problema. O plano emergencial que vamos lançar amplia os pontos e as equipes que atendem esse público, com mais oferta de alimentação e de abrigos. Minha preocupação e empenho é buscar soluções para mitigar o sofrimento da nossa gente que mais precisa", antecipou o prefeito em seu pronunciamento nesta terça-feira (01/02) na Câmara Municipal de Fortaleza.
Conforme a pesquisa, houve um crescimento de 53,1% em comparação com a pesquisa anterior, realizada em 2014, quando foram contadas 1.718 pessoas em situação de rua. A contagem ocorreu entre os dias 19 e 23 de julho de 2021 nas ruas de Fortaleza, nos Serviços de Acolhimento Institucional e em outras instituições reconhecidas por acolher a população em situação de rua.
A população em situação de rua na Cidade concentra-se principalmente na região administrativa Regional 12 (36,6%), seguida pela Regional 2 (18,1%) e pela Regional 4 (15,3%). As três regionais totalizam 70% da população em situação de rua na Cidade. Foram registrados 1.462 pontos de abordagem. Do total, 56,7% das pessoas estavam nas calçadas, 18,1% em praças, 7,4% sob marquises, 3,5% embaixo de viadutos e 2,2% em tocas. Em 533 pontos foram encontradas também moradias improvisadas.
De acordo com o Censo, 22,3% responderam que estavam na rua há mais de um ano e há menos de 5 anos; 17,4% há mais de 10 anos; e 13,7% entre 5 e 10 anos. Do total, 35% das pessoas entrevistadas estavam nas ruas de Fortaleza há menos de um ano. A maioria é natural de Fortaleza ou está na cidade há mais de um ano (56,17%). Os dados revelam também que 96,8% são cisgêneros, 91,5% são heterossexuais e 71,5% são pretos ou pardos.
Há um alto nível de analfabetismo (18,8%), superior à média do Nordeste, que é de 15,14%, e ao percentual do Ceará, que é de 14,2% da população maior de 18 anos de idade, de acordo com a pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (IBGE, 2017). A maioria (62,7%) nunca teve acesso a uma formação profissional e 44,7% nunca trabalharam com registro em carteira de trabalho. O desemprego de longa duração é superior à média nacional (41,2%) para a população em geral.
Uso de drogas
A pesquisa revelou ainda que 58,7% estão em situação de rua em função de conflitos familiares e 29,7% por causa da dependência química. Do total, 34,2% têm passagem por instituições para tratamento de dependência química e 29,5% pelo sistema prisional. Mais da metade tem raros ou não tem mais contato com suas famílias. Quase todos (86,8%) foram para as ruas ao perder a condição de ter uma moradia convencional.
Saiba mais
Os serviços municipais mais relevantes para as pessoas em situação de rua são o Centro Pop, que atende 51,7% dessa população, e o Espaço de Higiene Cidadã, que atende 29,8%. Ao todo, 26,2% declararam que nos últimos seis meses não foram atendidos por nenhum serviço público ou privado.
Quase a totalidade deseja deixar de viver em situação de rua (94,3%). Para elas, o que as ajudaria seria ter uma moradia permanente (40%), ter emprego fixo (29,3%) e tratar a dependência de álcool ou outras drogas (9,3%).