O serviço Família Acolhedora, da Prefeitura de Fortaleza, tem beneficiado de maneira particularmente especial as crianças com deficiência. Atualmente, das 20 crianças e adolescentes acolhidos em lares temporários enquanto aguardam os processos judiciais que definirão se retornam à família ou seguem para adoção, sete deles têm algum tipo de deficiência.
Uma dessas crianças é o João (nome fictício), de dois anos, que possui paralisia cerebral e chegou ao lar do casal Israel Gomes de Araújo e Sibéria da Silva Araújo antes de completar um ano. “Quando recebemos o João, ele ainda não tinha diagnóstico específico, mas sabíamos que ele tinha algumas limitações no desenvolvimento. Mesmo assim, escolhemos cuidar dele. Só quando já estávamos com ele que foi diagnosticado com paralisia cerebral. Foi um certo susto, mas não paramos muito para pensar e, desde então, temos aprendido com tanto quanto ele aprende com a gente”, conta Israel, que é agente comunitário de saúde.
“Tem muita gente que tem preconceito, que não entende que ter uma deficiência não define a criança. Ele é muito esperto. Foi desafiante no início, mas fomos aprendendo a observar o que ele precisava e é muito gratificante ver ele se desenvolvendo, descobrindo o mundo. Isso não tem preço. É o que motiva a gente”, afirma Sibéria.
O Família Acolhedora, criado em 2018, já atendeu 54 meninos e meninas até o momento. Atualmente, 154 crianças e adolescentes estão aptos a se beneficiar com o programa, que tem como objetivo garantir a convivência em ambiente familiar daqueles que tenham sido afastados da família de origem de maneira temporária até a conclusão dos processos judiciais que definem se seguem ou não para a adoção. Dessas, 28 possuem deficiência. Para proporcionar o mesmo benefício a todas elas, é necessário que mais famílias se cadastrem para acolher.
“Por mais que nossos acolhimentos garantam um bom atendimento, nada substitui um lar, um ambiente familiar. Esse convívio é fundamental para ajudá-las nas mais diversas áreas da vida. Por isso, é essencial que cada vez mais famílias se cadastrem e passem pelo processo para se tornarem aptas a acolher", explica Francisco Ibiapina, titular da Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), órgão que executa o serviço.
Como acolher
Quem quiser fazer parte do Família Acolhedora não pode ter intenção de adoção. Além disso é necessária a concordância de todos os membros da família pelo acolhimento familiar; os acolhedores precisam residir em Fortaleza há pelo menos um ano; não estar respondendo a processo judicial; ter idade igual ou superior a 21 anos, sem restrição quanto ao sexo e estado civil; ter disponibilidade de tempo para participar da capacitação das famílias acolhedoras, formação continuada e acompanhamento técnico familiar com equipe multiprofissional.
As famílias cadastradas no serviço Família Acolhedora recebem subsídio financeiro por criança ou adolescente em acolhimento. Além disso, o imóvel utilizado pela família se torna isento de pagamento do IPTU. Após o cadastro e seleção, a família acolhedora recebe capacitações e participa de reuniões para entender o processo e oferecer o melhor amparo aos acolhidos.
Os interessados em ser uma Família Acolhedora podem fazer o cadastro em formulário on-line. Em caso de dúvida, o contato pode ser feito pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelos telefones (85) 9 8902.8374 e (85) 3105.3449.