A Escola Municipal Agostinho Moreira e Silva, no bairro Barra do Ceará, foi uma das cinco instituições do país agraciadas com a Medalha Paulo Freire 2017, prêmio do Ministério da Educação que reconhece e estimula experiências relevantes para a alfabetização e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. A entrega do prêmio ocorre no dia 8 de novembro, em Brasília.
A medalha premiou o projeto “Cultura Afro: conhecendo a história para transformar o presente”, o único contemplado das regiões Norte e Nordeste este ano.
A iniciativa, desenvolvida pela educadora Elaine Pessoa, trabalhou as raízes africanas na cultura brasileira com alunos da Barra do Ceará. Conforme a professora, o projeto buscou contribuir para a expansão do conhecimento de estudantes da EJA por meio de resgates históricos, produções artísticas e descriminalização da cultura negra, e promover também o aumento da autoestima dos alunos.
O "Cultura Afro" foi desenvolvido na escola Agostinho Moreira e Silva em novembro de 2016 durante a semana da Consciência Negra, motivado pelo projeto anual Memórias do Baobá, que acontece no Centro de Fortaleza e reúne experiências de resgate da ancestralidade. Os estudantes criaram desde sonetos sobre o empoderamento da mulher negra até grupos de resgate folclórico, como a capoeira.
Além do engajamento de profissionais e alunos da escola, o projeto também contou com o envolvimento de representantes do Conselho Tutelar, que foram ao encontro dos alunos para partilhar sobre a Lei Maria da Penha, visto que o projeto focava na violência social contra a mulher negra, e sobre a própria atuação do órgão, por exemplo.
Aluna da EJA, Adelaide Barbosa, de 71 anos, explica que a iniciativa trouxe informações ainda pouco conhecidas e despertou entre os alunos a cultura do respeito que será propagada na comunidade. “Nós descobrimos que a Lei Maria da Penha pode fazer com que pare mais a violência contra a mulher, especialmente a mulher negra. Elas também são gente, precisam viver”, relatou.
A professora Elaine Pessoa destaca a importância de usar a educação para empoderar as pessoas, fazendo-as conhecer os seus direitos. “Sinto muito orgulho de poder ver os direitos sociais sendo trabalhados e efetivados na escola, com os alunos tendo acesso a essas informações. Sinto muito orgulho também de trabalhar nessa escola e ver toda a comunidade engajada em um projeto que deu certo e que está mudando comportamentos”, revela.
Para a diretora Orlenilda Cunha, a premiação coroa todo um esforço em transformar vidas com a EJA. “Tanto o projeto quando a Medalha Paulo Freire promovem nos alunos novas perspectivas de vida e novos sonhos”, destaca.
Ao todo, o MEC avaliou 58 trabalhos. Na segunda fase, classificatória e eliminatória, a escola recebeu a visita de uma representante do ministério, que conheceu os trabalhos desenvolvidos por alunos da EJA.
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