O azul céu claro, quase sem nuvens, contrasta com o verde das árvores centenárias e vegetação de mangue abundante nas margens do Rio Cocó. Ao longe, é possível ouvir o canto de uma das 80 de espécies de pássaros que vivem no entorno. O barco navega pelas águas esverdeadas, que respingam e aliviam o calor do sol, em trechos inexplorados há mais de 20 anos. Anteriormente, em determinados locais, a vegetação invasora de aguapé e capim formavam ilhas flutuantes onde era possível atravessar a pé a água. Agora, o Rio foi redescoberto.
Essa é a paisagem dos 9 km navegáveis do Rio Cocó, da Av. Engenheiro Santana Júnior até a Av. Murilo Borges. Realizada pela Secretaria de Municipal de Infraestrutura (Seinf) e supervisionada pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Sema), a terceira fase da limpeza do leito e margens do rio foi apresentada nesta quinta-feira (3/11). A operação retirou, de junho a outubro, 2.154 toneladas de vegetação aquática (macrófitas e capim) e resíduos sólidos depositados no Rio Cocó, possibilitando a integração da navegabilidade entre os parques do Cocó e Adahil Barreto.
Conforme Roberto Resende, secretário executivo da Seinf, a ação de limpeza foi uma contrapartida da obra dos viadutos e rotatória (equipamentos construídos no cruzamento das Avenidas Raul Barbosa com Murilo Borges) e da ponte no canal do Lagamar. “Já foram retirados daqui detritos de diversas naturezas, sobretudo a vegetação que se forma na superfície do rio. O objetivo é tornar o Rio Cocó navegável, desde sua foz até Av. Raul Barbosa”, disse. Os serviços de limpeza foram executados pela Secretaria por meio da construtora Ferreira Guedes.
Ele afirmou que a contrapartida da obra cresceu em função da necessidade de desobstruir novas áreas da bacia hidrográfica. “Além de tornar o rio navegável, promove o desenvolvimento da biótica, necessário em regiões de manguezais. Há necessidade de um fluxo contínuo de água salobra em função da variação da maré. Nos sentimos muito satisfeitos por contribuir com essas intervenções”.
O trecho liberado para passeios turísticos vai da Av. Sebastião de Abreu à Av. Engenheiro Santana Júnior. Os demais trechos já limpos estão em fase de testes e disponíveis apenas para pesquisa, fiscalização e monitoramento (feita por seis policiais militares ambientais, três guardas municipais e um vigilante). Segundo o secretário de meio ambiente do estado, Artur Bruno, a ideia é estimular a ocupação da população no local, gerando o sentimento de pertencimento em relação ao espaço.
“Queremos dar vida ao Cocó, contribuir para que as espécies de animais possam ter uma vida mais tranquila, e dar condições de navegabilidade para o monitoramento que os nossos fiscais fazem, garantindo a segurança aos usuários do parque. Também queremos, com a limpeza e garantia de segurança, aumentar o trecho do passeio turístico de barco no Rio Cocó. Há possibilidades de ir até o Parque Adahil Barreto e a foz do Rio Cocó. A ideia é trazer a população para o parque, que é um verdadeiro tesouro”, declarou. “É um privilégio termos uma floresta dessas na cidade. Essa parceria da Prefeitura e do Governo do Estado dá possibilidade da população conhecer e usufruir do parque”.
Aproximadamente 4 mil pessoas frequentam o Parque do Cocó por mês. Com 1.056 hectares, o Parque será regulamentado pelo governador Camilo Santana até dezembro deste ano. A quarta fase e última fase de limpeza do rio também será concluída até o final de 2016, compreendendo o trecho que vai da Murilo Borges até a BR 116.
De acordo com Leonardo Borralho, assessor especial da Sema que coordenou a limpeza do Rio Cocó, a vegetação e resíduos sólidos estavam bloqueando a entrada de luz solar e, consequentemente, de oxigênio dissolvido na água, fazendo com que ocorresse a mortalidade dos peixes ou deslocamento das espécies para outras áreas.
“Quando a gente desobstrui, permitimos que os peixes voltem, favorecendo também o aparecimento de aves e uma renovação da vida de todo o ecossistema. A desobstrução também propicia a entrada da salinidade, que depura o excesso de nutrientes responsáveis pela formação dos capins e macrófitas, fazendo que o ambiente natural de mangue seja recomposto, repovoando a área”, explicou.
Ele enfatiza que esse repovoamento já começou a acontecer. “Várias espécies estão retomando ao parque, aves como o tamatião e a garça. Nós conversamos com os pescadores em áreas que fizemos a limpeza e eles relataram ter visto algumas espécies que não apareciam há dezenas de anos. Assim, a gente vê como isso é relevante do ponto de vista ambiental”.
Passeio de barco e Projeto Viva o Parque
O Rio Cocó é aberto para passeios de barco de terça a domingo, por R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Durante a semana, os passeios devem se agendados, e nos feriados e finais de semana acontecem de 8h às 12h. Em média, 300 pessoas fazem o passeio por mês.
A partir deste domingo, terá início o projeto do Governo do Estado “Viva o Parque”, que realizará atividades de lazer, esporte e cultura no Parque do Cocó, sempre com um componente de educação ambiental. Entre as atividades oferecidas estão brincadeiras, jogos coletivos, oficinas, apresentações artísticas, trilhas, produção de mudas, práticas esportivas e danças. No dia 13 de novembro o projeto, que terá 48 edições, será iniciado também no Parque Botânico.