No mês de julho, período das férias escolares, é comum o aumento de acidentes com as crianças, como arranhões, quedas, desidratação e insolação, ou mais graves, como fraturas, afogamentos, intoxicações, queimaduras e choques elétricos. Para prevenir esses eventos, a Prefeitura de Fortaleza reforça orientações básicas para os pais ou responsáveis se manterem atentos aos pequenos, além de adotarem algumas medidas de precaução aos comportamentos e situações de risco nos ambientes domésticos e nos momentos de lazer.
De acordo com gerente do Samu Fortaleza, Cristiano Rola, independente do cenário ao qual a criança esteja exposta, os cuidados podem envolver também o uso de equipamentos de proteção. “Ao andar de bicicleta, patins e patinete, por exemplo, é importante orientar sobre o uso de capacetes, joelheiras e cotoveleiras, para minimizar o impacto de possíveis quedas”, alerta o médico, que também chama atenção para os riscos de queda envolvendo altura.
“É comum que, nas quedas com altura, a batida seja na cabeça. Sendo assim, os pais ou responsáveis devem, após o incidente, verificar se existe inchaço, vermelhidão, sangramento e perguntar à criança onde existe dor, sem sugerir o local. Verifique se ela apresenta sonolência e, sendo necessário, chame ajuda do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), através do 192”, complementa.
De acordo com o Samu Fortaleza 192, foram registradas 174 ocorrências de crianças, entre um e 12 anos, em janeiro de 2023, últimas férias escolares. Somam 289 ocorrências envolvendo crianças da mesma faixa etária nos meses de janeiro e julho de 2022. Já o total de atendimentos chegou a ser de 2.015 crianças atendidas ao longo do ano, sendo a principal causa: as quedas.
Instituto Dr. José Frota
Todos os meses, o Instituto Dr. José Frota (IJF), hospital de referência regional em traumas de alta complexidade, recebe cerca de 550 novos pacientes com idade entre zero e 14 anos acolhidos com fraturas graves nos braços e pernas ou mesmo traumatismos cranianos causados por quedas.
Entre os relatos mais comuns na Emergência estão os de acidentes durante brincadeiras, jogos de futebol e ainda por falta de proteção em janelas e escadas. Para os especialistas da unidade da rede municipal de saúde, a diversão é essencial para o pleno desenvolvimento das crianças, assim como o aprendizado repassado pelos pais sobre as situações de perigo e noções de segurança, que são importantes na formação de um adulto responsável. Por isso, a manutenção de um ambiente seguro e a supervisão constante de adultos são indispensáveis.
Outro motivo de atenção importante dos pais e responsáveis são os riscos de acidentes domésticos com queimaduras e choques elétricos. Apenas entre janeiro e junho deste ano, mais de 280 crianças chegaram ao Centro de Tratamento de Queimados do IJF com lesões causadas, principalmente, por contato com líquidos e alimentos quentes, além de explosão de substâncias inflamáveis e contato com fios expostos e o uso indevido de tomadas e extensões elétricas. Os ferimentos causados por esse tipo de acidente podem deixar sequelas permanentes, como cicatrizes, amputação de membros e problemas de locomoção, quando não evoluem em um óbito prematuro.
Um ambiente seguro para as crianças também depende da prevenção de intoxicações por consumo acidental de produtos de limpeza, medicamentos e até mesmo venenos e demais substâncias químicas. “A recomendação é colocar esses materiais na parte superior de armários e prateleiras, mesmo os de uso diário. Eles devem ser guardados em seus vasilhames originais e nunca na geladeira ou próximo a alimentos, a fim de evitar ingestão inadvertida. Crianças são naturalmente curiosas e tendem a querer experimentar, principalmente se os produtos forem coloridos e em formato de doces, por exemplo. Em caso de ingestão, não deve ser estimulado vômito ou introdução de líquidos. O responsável deve pegar a embalagem do produto ingerido e levar junto com a criança para um serviço de emergência”, complementa o gerente do Samu.
A Emergência do IJF conta com um serviço especializado para assistência toxicológica em plantão permanente, inclusive para a orientação da população e de profissionais de outras unidades por meio do telefone (85) 3255-5012.
Salvamento Aquático
Já em ambientes que tenham água, as precauções precisam ser redobradas e os primeiros socorros devem ser ágeis. Em praias, a orientação é nunca deixar a criança sozinha, ficar atento às placas de sinalização do local, averiguar se há salva-vidas na região, se a correnteza do mar está própria para o banho ou se tem embarcações por perto.
A Inspetoria de Salvamento Aquático (ISA) da Guarda Municipal atua com guarda-vidas em postos fixos em diversos pontos da orla fortalezense, como Barra do Ceará, Carapebas, Praia dos Crush, Jangada, Praia de Iracema, Ponta Mar e Náutico, de domingo a domingo, das 8h às 17h. Além disso, a Inspetoria realiza também ações preventivas de caráter educativo, com orientações e abordagens a banhistas. Em 2022, a Inspetoria salvou 132 vidas, e neste ano, até maio, o número foi ultrapassado, com 135 pessoas resgatadas.
Em caso de acidentes com águas-vivas nas praias, a queimadura acontece pelas toxinas que são liberadas. A orientação do Samu é retirar a vítima da água e lavar a lesão com água do mar e vinagre. Em nenhum momento deve-se lavar o local com água doce, bebida alcoólica ou urina. Os tentáculos podem ser retirados com palito de picolé e a região deve ser protegida da exposição ao sol. Além disso, deve-se buscar ajuda médica o mais breve possível.
Já as piscinas devem ser protegidas por cercas ou estarem cobertas. Outra dica importante é optar por portões com trava, dificultando o acesso da criança à área em momentos em que esteja desacompanhada de um adulto. Na estrutura da piscina, os pais ou responsáveis podem se atentar ao tipo de sugador e se o filtro está desligado na hora do banho. Também é importante estar atento para que os meninos e meninas evitem brincadeiras de prender o fôlego sem supervisão ou pular em lugares rasos. Afogamentos em reservatórios de água também são comuns, portanto, deve-se esvaziar baldes, bacias, cisternas e outros recipientes, além de mantê-los tampados.
“É indicado que crianças sejam incentivadas a aprenderem nadar o quanto antes, para ter mais familiaridade com a água. No entanto, em caso de afogamento, se a vítima estiver inconsciente, deve ser iniciada a ventilação e a compressão cardíaca e acionar imediatamente o Samu, após a retirada da criança da água”, alerta Dr. Cristiano.
Atendimento pediátrico
Na Capital, os 118 postos de saúde acolhem os casos de baixa complexidade, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. As doze UPAs de Fortaleza, sendo seis geridas pelo Município, realizam atendimento pediátrico de urgência e emergência 24h por dia, todos os dias. A linha do cuidado infantil no município de Fortaleza dispõe ainda do IJF, que atende crianças com idade entre zero e 14 anos, incluindo sua unidade referência no tratamento de queimados.
Os pais e responsáveis também estão amparados com atendimento de emergência clínica e cirúrgica para as crianças. A atenção especializada vai desde o nascimento e cuidados neonatal, com a Rede Materno-Infantil composta por cinco maternidades até internações médicas para procedimentos de diferentes graus de complexidade.
O Hospital da Criança de Fortaleza Dra. Lúcia de Fátima Ribeiro Guimarães Sá possui atendimento exclusivo para o público infantil em urgência, emergência, demanda eletiva e pronto atendimento 24h, além de cirurgia clínica, traumatológica e em otorrinolaringologia.